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Sociologia

Norbert Elias - a teoria sociológica - Teias de interdependência

Renato Cancian, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

O sociólogo alemão Norbert Elias (1897-1990) foi responsável pelo desenvolvimento de uma teoria social inovadora, que serviu para alargar o campo dos estudos sociológicos voltados à elucidação de processos sociais, ou seja, dos processos de interação humana no âmbito da sociedade.

De acordo com Elias, a principal tarefa da sociologia é "(...) alargar nossa compreensão dos processos humanos e sociais e adquirir uma base crescente de conhecimento mais sólido acerca desses processos".

A teoria sociológica formulada por Elias pode ser considerada uma abordagem de caráter crítico, cujos conceitos fundamentais foram construídos a partir da identificação das deficiências e limitações de perspectivas teóricas consideradas clássicas pelas ciências sociais, associadas, sobretudo, ao funcionalismo parsoniano (do sociólogo norte-americano Talcott Parsons) e a certas versões do estruturalismo.

As críticas dirigidas a essas abordagens teóricas centram-se, em primeiro plano, na refutação do arcabouço conceitual empregado, que provém da transposição de conceitos do campo das ciências naturais, em particular da física, da química e da biologia, cuja assimilação se evidencia pelo uso de termos como "estrutura", "organismo" e "função".

Os teóricos funcionalistas e estruturalistas tendem a identificar estruturas sociais cujo caráter objetivo estaria associado a atributos coercitivos que exercem influência total sobre o comportamento dos indivíduos.

Na teoria sociológica de Elias, porém, a relação entre o "indivíduo" e a "sociedade" é concebida de outro modo. Norbert Elias não aceita qualquer tipo de concepção social "totalizadora" - e nem mesmo "individualista" - dos processos sociais.

Um esboço da teoria sociológica

A teoria sociológica formulada por Elias concebe sua tarefa como a de analisar os processos sociais baseados nas atividades dos indivíduos que, através de suas disposições básicas - ou seja, suas necessidades - são orientados uns para os outros e unidos uns aos outros das mais diferentes maneiras.

Esses indivíduos constroem teias de interdependência que dão origem a configurações de muitos tipos: família, aldeia, cidade, estado, nações. O conceito de configuração pode ser aplicado onde quer que se formem conexões e teias de interdependência humana, isto é, em grupos relativamente pequenos ou em agrupamentos maiores.

Elias não aceita o pressuposto de que as sociedades têm fronteiras e limites especificáveis, pois as cadeias de interdependência escapam a delimitações e definições abrangentes. Segundo o autor, "a complexidade de se investigar algumas configurações decorre do fato de que as cadeias de interdependência são maiores e mais diferenciadas".

Norbert Elias denomina as configurações de estruturas, mas de modo algum o emprego desse termo guarda qualquer associação com a utilização do mesmo termo pelos teóricos funcionalistas e estruturalistas.

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