Práxis - Lukács e Habermas - Ação revolucionária e técnica
A perspectiva marxista concebe a luta de classes como motor da história, e a práxis é vista como ato revolucionário do proletariado, que é a classe social em condição de submissão.
A práxis é a consciência das oposições e do conflito de classes inerente à sociedade burguesa capitalista, mas é também o "agir", tendo como referência o conhecimento da lógica dos conflitos entre as classes sociais.
O conhecimento ou a consciência do sujeito (do proletariado) sobre o conflito de classes não precede necessariamente o "agir", mas se desenvolve no decorrer do próprio "agir". É no próprio agir que o sujeito desenvolve a capacidade de compreender as relações sociais; ou seja, o processo de tomada de consciência da realidade, que é transformada em ato revolucionário.
É neste sentido que podemos compreender a afirmação do cientista social Georg Lukács, que assinala que "o proletariado conhece a própria situação enquanto luta contra o capitalismo e age enquanto conhece a própria situação".
A conceituação da práxis como ato revolucionário emancipador abriu caminho para a análise da dimensão teórica do conceito. Neste sentido, o marxismo é práxis, é a teoria da transição da sociedade capitalista para a sociedade socialista.
A práxis não é somente a teoria objetiva e crítica da história e das relações sociais da sociedade capitalista, mas um arcabouço de onde o proletariado pode extrair os meios da ação revolucionária e os fundamentos para construção de uma forma alternativa de organização social: o socialismo.
Nessa acepção, a práxis não serve somente para interpretar a realidade social, mas serve também para a tomada de consciência da necessidade de mudar a realidade social.
A práxis como técnica
O filósofo e cientista social alemão Jürgen Habermas agregou novos elementos ao conceito multifacetado de práxis.
Na perspectiva de Habermas, a práxis é concebida como técnica científica que deve ser empregada para desvelar (ou desmistificar) a sociedade burguesa capitalista.
Habermas observa que, a partir das últimas décadas do século 19, o capitalismo avançado subordinou progressivamente o conhecimento científico, empregando-o de acordo com a lógica do mercado, com a finalidade principal de assegurar o desenvolvimento econômico. Desse modo, o progresso técnico-científico converteu-se, gradualmente, num instrumento de sustentação do sistema capitalista.
Assim, Habermas concebe a práxis como técnica-científica de caráter reflexivo e emancipador, que deve ser empregada como recurso para o desenvolvimento de uma crítica sobre os objetivos da ciência e propor modelos alternativos de orientação das pesquisas científicas.
Para Habermas, a práxis é a técnica de desvelar as relações entre ciência e poder, de colocar em evidência o sentido da pesquisa e a natureza das necessidades que a ciência satisfaz numa sociedade burguesa capitalista.
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