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Brasília 56 anos: 7 curiosidades sobre a história da capital federal

Colaboração para o UOL, em Brasília

21/04/2016 06h00Atualizada em 22/04/2016 10h42

Centro do poder no país, Brasília completa 56 anos sob os holofotes dos brasileiros por causa do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Política na sua essência, a capital carrega muitas curiosidades do processo de fundação, ocorrido no dia 21 de abril de 1960. O UOL conversou com o historiador Milton Teixeira (Protur) e o pesquisador Aldo Paviani (UnB) e traz sete delas para você.

Confira:

  • Thomaz Farkas/Acervo Instituto Moreira Salles - 21.abr.1960

    Projeto centenário

    O processo de levar a capital do Brasil para o interior (fora de uma cidade litorânea) demorou mais de 100 anos para ser posto em prática. "A ideia começou com Marquês de Pombal antes mesmo da chegada da Família Real em 1808", diz Teixeira. A ideia de interiorizar o país se dava por conta de proteger a família real de ataques marítimos. Em 1891, a Constituição passou a prever que a mudança da capital. Porém, o projeto só foi posto em prática durante a campanha presidencial de 1955, quando Juscelino Kubitschek prometeu construir Brasília. Ele ganhou e a cidade nasceu.

  • Marcel Vincenti/UOL

    1ª capital do interior do Brasil. Só que não

    Ao contrário do que muitos pensam, Brasília não foi a primeira capital do interior do país. "Na realidade, a primeira capital foi a cidade de Petrópolis no Rio de Janeiro em 1843", conta Teixeira. Toda a administração do reino era transferida para a cidade fluminense no verão. O objetivo era fugir do calor do Rio de Janeiro. Com isso, Brasília não é a primeira capital "no interior" do Brasil.

  • Divulgação

    Colmeias e arranha-céus: As outras ideias para Brasília

    Para escolher como seria a "nova capital", o governo criou um concurso com o projeto arquitetônico para Brasília. Entre os 41 inscritos no projeto, algumas ideias chamaram atenção. A ideia que ficou em terceiro lugar, de Rino Levi e Carvalho Franco, previa a construção de 18 prédios de 50 andares. No total, os prédios abrigariam 288 mil pessoas.
    Outro projeto que chamou atenção foi do escritório MMM Roberto (que também ficou em terceiro lugar). Ele previa que Brasília seria construída em colmeias e à medida que a cidade cresceria, mais colmeias seriam criadas. Mesmo perdendo, o projeto de colmeias serviu como inspiração o desenho da cidade-satélite do Gama, criada também em 1960. "Acabaram aproveitando o projeto para construir a cidade", conta Paviani.

  • Reprodução/Arquivo Lucio Costa

    Lúcio Costa não tinha registro de arquiteto

    Vencedor do concurso, o arquiteto Lúcio Costa não tinha registro de arquiteto, de acordo com Milton Teixeira: "Ele só foi ganhar um Crea honorário em 1985 pela obra que teve". Outro detalhe: Oscar Niemeyer começou a carreira como estagiário de Lúcio Costa. "Eles formavam uma dupla perfeita porque o projeto de Costa ajudava as ideias de Niemeyer a se destacar.

  • Reprodução/The Guardian

    Dívida, inflação e políticos longe do povo

    A construção de Brasília teve impactos diretos no Brasil. "A construção foi tão cara que JK mandou imprimir dinheiro em espécie sem ter o ouro na casa da moeda", diz Teixeira. Na época, a dívida do Brasil disparou e a inflação também. Além do impacto econômico, a distância das cidades mais populosas (Rio e São Paulo) distanciou os políticos da pressão popular. "Se Dilma estivesse no Catete, a vida dela seria muito mais difícil", aponta Teixeira.

  • Divulgação

    De onde vem o candango

    Gentílico não oficial de quem nasce na capital federal, a palavra candango surgiu de forma pejorativa. Ela servia para designar os trabalhadores que vinha de fora para construir a capital. "O termo é africano e era uma forma de mostrar a inferioridade dos trabalhadores", conta Paviani. Com o tempo, o termo foi ressignificado e começou a ser tratado como o local de Brasília. Hoje, Candango é inclusive o nome do troféu do Festival de Cinema de Brasília.

  • Thomaz Farkas/Divulgação

    Campanha de erradicação de invasores

    A elite de Brasília não contava com um problema social na cidade. Eles acreditavam que quem construísse Brasília iria embora depois do fim da obra. Isso não aconteceu e diversas favelas acabaram sendo criadas, inclusive, dentro do Plano Piloto (área central). "Havia grandes favelas nas quadras 709, 509 e 309 Norte", conta Paviani.
    O governo militar, que planejava a construção de blocos no local, criou uma "campanha de erradicação de invasores" para expulsar os moradores para cidades-satélites. "Eles não tinham muito o que protestar contra o governo", diz Paviani. Da campanha, nasceram cidades como Ceilândia, hoje a mais populosa do Distrito Federal com 400 mil habitantes.