"Concorrência" no ensino superior brasileiro é de 1,46 candidato por vaga
Se todo o ensino superior do país utilizasse um único método de ingresso para todos os cursos, a “concorrência” seria de 1,46 candidato por vaga. É o que revela o Censo da Educação Superior, divulgado pelo MEC (Ministério da Educação) nesta quinta-feira (13).
Quando a “concorrência” é separada por categoria administrativa, as disparidades aparecem. Nas federais, a relação é de 5,4 candidatos por vaga; nas estaduais, 8,73 c/v; nas municipais, 1,51 c/v. No total, a “concorrência” nas instituições públicas é de 5,92 c/v.
VEJA QUAL É A RELAÇÃO ENTRE CANDIDATOS E VAGAS NO ENSINO SUPERIOR
TOTAL GERAL | 1,46 |
TOTAL NAS PÚBLICAS | 5,92 |
PÚBLICAS FEDERAIS | 5,40 |
PÚBLICAS ESTADUAIS | 8,73 |
PÚBLICAS MUNICIPAIS | 1,51 |
PARTICULARES | 0,97 |
Já nas privadas, a demanda é menor que a oferta. Segundo o censo, ela é de 0,97 c/v –ou seja, sobra vaga no sistema particular. E o número ainda pode estar inflado –é prática comum do setor privado não oferecer todas as vagas para as quais conseguiu autorização do MEC.
Esse índice representa a demanda por cada vaga do sistema. Mas, de acordo com Reynaldo Fernandes, ex-presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), também é preciso lembrar que, geralmente, um estudante se inscreve em vários vestibulares ao mesmo tempo. Ou seja, ele pode estar contado diversas vezes em cada uma das relações.
Distribuição da demanda
Fernandes pondera também a distribuição da demanda. “Hoje, tem escassez nas altas demandas. Não dá para todo mundo fazer medicina na USP [Universidade de São Paulo]. O crescimento depende de bolsas, do Prouni [Programa Universidade para Todos], entre outros.”
Segundo o presidente da Abmes (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior), Gabriel Mario Rodrigues, falta organização na oferta de vagas do setor privado. “Todo mundo tinha uma expectativa que ia crescer demais a demanda e [as faculdades] procuraram obter autorização [para os cursos]”, diz.
Ele afirma que ainda há outro fator a ser levado em conta nessa “concorrência”, inclusive entre as próprias particulares: a lógica de mercado. “Os cursos de administração: têm aqueles oferecidos pelas instituições mais elitizadas, com mensalidades de R$ 1 mil pra cima, e aquelas menos, de R$ 500 pra baixo. Há uma concorrência [entre as instituições], e [a tendência] é baixar preço”, diz.
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