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Quanto vale um MBA brasileiro?

Gabriel Souza Elias

Em São Paulo

26/04/2011 07h00

MBA (Master in Business Administration) é um programa de pós-graduação com mais de cem anos de existência, criado nos EUA e livremente traduzido como “mestre em administração de negócios”. O grau acadêmico é concedido, no exterior, aos profissionais que se dedicam ao estudo de administração com foco voltado para os negócios (o pós-graduando aprofunda seus conhecimentos em temas como marketing, finanças e gestão).

Nos últimos anos, o destaque obtido no mercado de trabalho e o aumento na procura dos brasileiros pelos cursos fora do país criaram uma grande oferta de especializações do tipo no Brasil. Mas o MBA oferecido por aqui é o mesmo que forma mestres mundo afora?

O MBA brasileiro é uma pós-graduação lato sensu que não dá grau acadêmico ao formando. A instituição de ensino emite um certificado de conclusão de curso, que normalmente é aceito pelo mercado de trabalho, mas não o transforma em mestre. “Hoje as pessoas falam em MBA por causa do glamour, não querem dizer que fazem pós-graduação”, diz Daniela do Lago, docente dos cursos de MBA oferecidos pela FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas) e colunista do UOL Empregos .

Fora do país, o MBA é indicado para executivos com sólida experiência profissional que desejam aprimorar conhecimentos para assumir cargos estratégicos e de liderança. No Brasil, a grande maioria dos cursos sequer exige experiência profissional na área.

Qual o seu objetivo com o MBA?

Ao optar por um MBA dentro do país, o candidato deve avaliar se a falta do grau acadêmico o prejudicará no segmento profissional em que atua ou pretende atuar. No Brasil, o estudante só obtém grau através de um curso stricto sensu (mestrado ou doutorado).

Para Armando dal Colletto, professor de Tecnologia da Informação da BSP (Business School São Paulo) e secretário executivo da Anamba (Associação Nacional de MBA), a classificação adotada pelo MEC (Ministério da Educação e da Cultura) prejudica a comparação entre os mercados interno e externo. “O MEC criou um sistema muito diferente, com duas coisas (stricto sensu e lato sensu) que não existem no exterior”, diz. “O programa de MBA oferecido no exterior é equivalente ao lato sensu no Brasil”, afirma.

Apesar do nítido crescimento na oferta dos MBAs por todo o país, não existem números oficiais sobre a quantidade de cursos lato sensu oferecidos atualmente, de acordo com informações da Sesu (Secretaria de Educação Superior), órgão responsável pelos cursos de pós-graduação lato sensu no Brasil.

Colletto afirma que a associação da qual faz parte também não consegue mapear os cursos existentes atualmente, mas trabalha para estabelecer padrões de qualidade para os MBAs brasileiros. “Hoje a oferta é muito grande e a maioria dos cursos está muito distante dos padrões aplicados no exterior”, diz.

A Anamba segue o modelo de associações reconhecidas no mundo todo, como a AACSB (EUA), a EQUIS-EFMD (Bélgica) e a AMBA (Reino Unido), e credencia hoje sete instituições de ensino com um selo de qualidade. Entre as normas adotadas pela associação está a exigência de que o curso seja de administração e selecione os candidatos através de testes de habilidades lógicas, conhecimento de mercado, testes de inglês e análise de experiência profissional. A Anamba também exige dos MBAs carga horária mínima de 480 horas/aula, sendo 75% do tempo destinado a uma lista de 13 disciplinas técnicas, que incluem  temas como ética, sustentabilidade, finanças, economia e marketing.