Incêndio na USP de Ribeirão destrói parte do único banco genético de árvores nativas do país
Pelo menos 30 dos 40 hectares do único banco genético de árvores nativas do Brasil foram destruídos na tarde desta terça-feira (16) num incêndio que atingiu o campus da USP (Universidade de São Paulo) em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo). A reserva florestal queimada tem 45 espécies de árvores da mata Atlântica no interior de São Paulo -entre elas, ipês, jequitibás, angicos e jatobás, entre outras.
As causas do incêndio ainda são desconhecidas. O uso de fogo é comum no interior de São Paulo e se intensifica neste período do ano. “Nunca vi a prefeitura fazer uma campanha contra incêndios urbanos”, diz Elenice Mouro Varanda, professora e pesquisadora do Centro de Estudos e Extensão Florestal da USP. A assessoria de imprensa da prefeitura não respondeu à crítica.
Para apagar o fogo na mata da USP, foram necessárias cinco horas de trabalho do Corpo de Bombeiros e funcionários do campus. Usinas de cana-de-açúcar e a prefeitura também cederam caminhões para debelar o fogo. Mas o vento fez as chamas se propagarem rapidamente.
A reserva queimada fica próxima a outra floresta de 30 hectares, recomposta em 1998 e que tem cerca de 80 espécies de árvores. Ela, porém, não foi atingida.
Banco genético
As mudas formadas a partir de sementes do banco genético seriam utilizadas na recomposição de matas nativas nos municípios da região de Ribeirão Preto, devastadas pelo plantio da cana-de-açúcar. Além das árvores que foram atingidas pelo fogo, muitos animais também morreram queimados.
“Vamos esperar a chuva para ter uma dimensão exata do prejuízo. Mas é muito provável que a maioria das árvores não rebrote”, afirma Elenice.
As árvores na mata atingida pelo incêndio foram plantadas a partir de sementes coletadas de fragmentos de florestas ainda existentes nas bacias dos rios Pardo e Mogi, segundo Elenice. A intenção, diz, foi formar um banco com a maior variedade genética de espécies possível, para evitar a predominância, na formação de novas matas, de plantas de uma única matriz.
A pesquisadora afirma que, devido ao fogo, será feita uma nova coleta de sementes nos mesmos fragmentos florestais, com o objetivo de reparar os estragos. “Vamos fazer isso imediatamente”, disse. Na região de Ribeirão Preto, existem apenas 11% de matas nativas, muito abaixo do mínimo de 20% considerado ideal por pesquisadores. No município de Ribeirão Preto, a situação é ainda pior. As matas nativas representam somente 5% do bioma existente.
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