Professores do segundo maior grupo de ensino superior do Rio decidem manter paralisação
Professores das instituições de ensino superior Univercidade e Gama Filho decidiram em assembléia terminada na tarde desta quarta-feira (11) continuar a paralisação iniciada na última segunda-feira (9). Os profissionais reivindicam o pagamento dos salários atrasados e a melhoria das condições de trabalho. Alunos das duas instituições compareceram à assembléia realizada na sede do Sinpro-Rio (Sindicato dos Professores), prestando solidariedade. Univercidade e Gama Filho são administradas pela Galileo Educaional e têm juntas cerca de 34 mil alunos.
Segundo os educadores, o 13º de 2007 ainda não foi pago, assim como 30% do salário de dezembro de 2011, 50% do salário de janeiro e 100% do salário de março não foram depositados. Eles denunciam ainda que as instituições não depositam desde 2003 o FGTS e não recolhem INSS desde 2006.
“Isso tudo é uma ilegalidade. Por esse motivo, os professores decidiram que sem salário não há aula. Além de todos esses problemas, a Galileo também não cumpriu o dissídio coletivo de 2006. Os professores vivem com o pior salário do mercado”, disse o vice-presidente do Sinpro, Antônio Rodrigues.
Um professor, que preferiu não se identificar por medo de retaliação, contou que muitos profissionais estão passando por graves dificuldades financeiras. Enquanto não houver acordo, os professores que aderiram à paralisação vão às unidades, mas não ministram as aulas.
“Tem muita gente sem fôlego para comprar comida, com cartão de crédito e cheque especial estourados. Os professores que tentaram montar uma associação para discutir os problemas da Univercidade com os gestores foram mandados embora. A situação está insustentável”, declarou.
Procurada pela reportagem do UOL Educação, a Galileo Educacional informou que não vai se pronunciar nesta quarta.
Fusão
Em junho do ano passado, quando as duas instituições anunciaram a fusão, ficou decidido que a Gama Filho passaria a adotar a marca Univercidade. O novo grupo já nasce como a segunda maior instituição de ensino do estado do Rio de Janeiro com 34 mil alunos, atrás apenas da Universidade Estácio de Sá.
Cerca de 300 funcionários da Gama Filho e mais 300 da Univercidade foram demitidos em dezembro do ano passado. As mensalidades foram reajustadas em cerca de 20% ou mais. No curso de Medicina, a mensalidade de R$ 2.700 passou para R$ 3.450. A unidade da Univercidade, no bairro de Bonsucesso, na zona norte do Rio, foi fechada.
A estudante de jornalismo Natália Aquino, 22 anos, reclama da falta de estrutura na unidade da Univercidade em Ipanema, zona sul do Rio, e do silêncio da instituição quanto a esses problemas.
“A gente ficou um mês sem a aula de uma disciplina por falta de professor. Semana passada a equipe de segurança não trabalhou por causa do atraso de salários. A limpeza também está deixando a desejar e ninguém aparece para explicar nada”, relatou.
Mofo
Estudando desenho industrial também na unidade de Ipanema da Univercidade, Andressa Zucheratte, 21 anos, confirma os problemas enfrentados e pede uma solução rápida.
“Eu estudo em uma sala de aula no subsolo do prédio que está sempre com forte cheiro de mofo. A estrutura é péssima. Muitos alunos sofrem reação alérgica. Os banheiros estão sempre sujos no horário da noite. É uma pena porque é um curso bom, mas caro e os pagamentos têm que ser feitos em dia”, declarou.
No próximo sábado (14), os professores fazem uma nova assembléia ao meio-dia que pode decidir pela greve caso não haja acordo com a administradora das duas instituições. Na próxima segunda-feira, 16, em protesto, os professores farão uma aula externa em frente à Univercidade de Ipanema.
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