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Campus da Ufal em Arapiraca está há 40 dias sem aulas devido à falta de segurança

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

12/05/2012 06h00

O medo devido à falta de segurança no campus da Ufal (Universidade Federal de Alagoas) em Arapiraca, que fica localizado vizinho ao presídio Desembargador Luis de Oliveira Sousa, obrigou professores e alunos a suspenderem as aulas.

Neste sábado (12) completam 40 dias que não ocorre nenhuma atividade acadêmica. A paralisação foi iniciada após alunos, professores e funcionários ficarem no meio do fogo cruzado com a troca de balas entre agentes penitenciários, policiais militares e 15 fugitivos, no dia 2 de abril.

O momento da invasão coincidiu com o horário do término das atividades do turno da manhã e várias pessoas caminhavam pelo campus. O motorista que faz o transporte dos professores foi usado como refém dos fugitivos do presídio.

“Os incidentes vêm deixando marcas na própria estrutura física da Universidade, que atualmente segue fechada e cravada de balas”, explicou o movimento Ufal Segura.

Paralisação

Apesar da promessa do governo do Estado de transferir em até 20 dias os reeducandos para o presídio Baldomero Cavalcanti, a comunidade acadêmica de Arapiraca decidiu esperar para não correrem mais riscos. Nesta sexta-feira (11), professores, alunos e funcionários realizaram uma assembleia e definiram que vão continuar com a paralisação.

“Não podemos negligenciar a responsabilidade institucional com a segurança das pessoas que cotidianamente frequentam o campus deixando filhos, pais e mães apreensivos com o risco permanente de perda abrupta da vida. Sendo assim, a comunidade universitária vem pedir a compreensão e apoio da sociedade à suspensão das atividades do Campus até que uma solução efetiva seja implementada”, afirmou a Comunidade Acadêmica do Campus da Ufal em Arapiraca, por meio de uma carta aberta.

O movimento Ufal Segura explicou ainda que desde 2010 vem lutando para que o governo dê mais segurança a comunidade acadêmica, mas o que apenas foi colocado nos muros da universidade foi uma cerca navalhada. “Apesar disto houve um crescente no quantitativo de fugas que foram tornando-se cada vez mais perigosas.”

O movimento destacou que a paralisação não é uma queda de braço entre a universidade e o presídio e sim a única forma de pressionar o poder público para solução do problema. “Sentindo-nos incapazes de intervir na situação de extrema violência que o Estado tem enfrentado, solidarizamo-nos frente às péssimas condições de trabalho a que os agentes são submetidos e a precária condição de vida que os reeducandos encontram dentro dos presídios.”

A invasão

Cerca de 15 apenados conseguiram escapar do presídio de Arapiraca, no dia 2 de abril, e invadiram o campus da Ufal para se esconder da PM. No momento as aulas tinham terminado e alunos, professores e funcionários que estavam saindo da universidade ficaram no meio do fogo cruzado entre fugitivos e polícia. O pânico tomou conta do local.

Os reeducandos conseguiram fugir com ajuda de dois homens que estavam fora do presídio, adentraram no campus e fizeram um funcionário refém.

Os apenados conseguiram driblar a polícia e saíram do campus pela entrada principal e também pelos fundos do campus da Ufal. A polícia recapturou oito dos fugitivos e prendeu os dois acusados de ajudarem os apenados a fugir. Na mesma semana do incidente, a placa de entrada do campus amanheceu crivada de balas.