Aluna minha de mestrado já desistiu, diz docente da USP Leste
Além dos problemas enfrentadas pelos alunos da EACH (Escola de Artes, Ciências e Humanidades) diante da transferência das aulas do campus leste da USP (Universidade de São Paulo) para prédios provisórios, professores da unidade também enfrentam dificuldades para se adaptarem às mudanças.
A professora Michele Schultz, por exemplo, teve que buscar outros locais para desenvolver suas atividades de pesquisa com a interdição do campus em janeiro.
“Estamos no meio de um projeto grande que envolve vários colaboradores e há material biológico de seres humanos. Além do compromisso com a pesquisa, há responsabilidades éticas com esse material. Consegui espaço no laboratório de um colega com quem mantenho colaboração. O espaço não é suficiente para todos meus alunos e não há um local para eu trabalhar. Tenho ficado em casa, lanchonetes ou bibliotecas tentando desenvolver parte do meu trabalho. A falta de contato com alunos e colegas tem prejudicado imensamente os trabalhos”, explica a docente.
Diante dos problemas existentes, uma de suas estudantes de mestrado desistiu de participar de um projeto de pesquisa.“Temos dificuldades para realizar as atividades de pesquisa. A maioria dos alunos do meu grupo de pesquisa mora próximo a USP Leste -- Penha, São Miguel, Santa Isabel -- e eles têm dificuldades de acesso ao Butantã. Além de aumento no custo, o tempo de deslocamento é um fator desestimulador”, afirma.
Nesse semestre, a docente também integra um grupo de professores que ministram um conjunto de disciplinas de fundamentos biológicos para os cursos de educação física e saúde, gerontologia e obstetrícia. Em sua primeira semana de trabalho, sentiu falta de recursos visuais. "Não disponho de material para minhas aulas na graduação. Dei aula com cuspe e giz em uma sala com acústica prejudicada."
Projetos de extensão
Outras atividades como projetos de extensão também foram prejudicados, de acordo com a professora Michele. Algumas práticas que envolviam atividades físicas para pessoas com deficiência, por exemplo, foram todas suspensas.
“Anteriormente à interdição judicial, o ginásio da EACH já havia sido interditado por problemas estruturais. Alugaram uma tenda que conseguiu abrigar parte das atividades. A tenda também foi interditada por ter sido instalada no meio de aterro ilegal”, acrescenta.
Falta de estrutura
Para a professora Adriana Tufaile, um dos maiores problemas que tem enfrentado é a falta de local e material adequado para suas aulas.
“Tive que dar aula prática numa sala de aula comum e carregar os equipamentos, que não podem ficar na sala de aula. Tive que carregar os equipamentos por uma grande distância na chuva”, explica a docente que alega que nesse dia não conseguiu encontrar um lugar próximo a Unicid (Universidade Cidade de São Paulo) para estacionar e descarregar o material para sua aula.
“Gostaria que a reitoria resolvesse logo os problemas ambientais de metano e terra contaminada, não apenas de forma paliativa, quero voltar o quanto antes para nossas instalações, mas com segurança para a saúde dos frequentadores. Já sabemos de várias áreas contaminadas com substâncias muito perigosas, mas há partes do campus que ainda não passaram por análise química”, destaca a professora Adriana.
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