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Aumento de bullying preocupa argentinos

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Imagem: Thinkstock

Gabriela Grosskopf Antunes

Do Clarín, em Bueno Aires

16/05/2014 15h00Atualizada em 16/05/2014 15h00

O bullying vem deixando vítimas no país. Um em cada quatro argentinos, diz a imprensa local, conhece ou já foi vítima de alguma espécie de violência escolar. A Argentina já é considerada o país com maior índice de bullying da região.

O tema é comum no continente. ONGs e entidades internacionais afirmam que pelo menos 70% dos alunos da América Latina já sofreram algum tipo de bullying.

Segundo estudo realizado pela Unesco entre os anos de 2009 a 2011, a Argentina é o país com os mais altos números de bullying entre os 15 países latino americanos que participaram do estudo.

De acordo com a consultora TNS Gallup, 87% dos argentinos estão preocupados com o tema. O sofrimento silencioso de 40% dessas vítimas, como reporta a equipe do Anti Bullying Argentina (ABA), pode terminar mal.

Bullying termina em morte

Foi o caso de Naira Ayelén Cofreces, de 17 anos, morta em abril último como decorrência de espancamento por três colegas, na província de Buenos Aires.

O caso de Naira assustou por causa da banalidade do crime. Familiares e amigos especulam que Naira pode ter apanhado pelo simples fato de ser amiga de uma colega que vinha sofrendo bullying. 

“Foi um desses casos em que o bullying mostrou sua cara mais trágica”, explica a psicóloga da Universidade Católica Argentina (UCA) e parte da equipe da entidade Anti Bullying Argentina, Lucrecia Morgan.

Pouco dias depois, em La Plata, cidade natal da presidente Cristina Kirchner, uma jovem de 18 anos foi atacada porque “era linda”.  Sobreviveu com o nariz quebrado.

“É preocupante porque é cada vez maior o número de denúncias e também a violência entre os alunos”, destacou o presidente da ONG Bullying sem Fronteiras, Javier Miglino.

O velho problema apenas mais grave

“O fenômeno bullying não é novo. Mas, vem adquirindo mais visibilidade. Como sociedade vamos aprendendo a delimitar o problema e a reconhecer sua existência”,  disse Lucrecia Morgan.

O problema na Argentina é tão grave que a sociedade civil está se organizando como pode. Multiplicam-se as ONGs e os psicólogos especializados no tema.

Na semana passada, a ONG Bullying Sem Fronteiras lançou a campanha de “selfies” ou autorretratos contra a violência, com a participação de várias celebridades locais. No ano passado, o Conselho Publicitário Argentino lançou a campanha “Se você não faz nada, você também é parte”. 

Bullying em ascensão

A ONG argentina Bullying Sem fronteiras apresentou um relatório no mês passado que indicaria um aumento de 45% de casos de bullying em relação ao ano anterior. Segundo a ONG, até abril 154 casos graves de bullying teriam sido apresentados à justiça argentina, 48 casos a mais que no ano anterior. Vale lembrar que estes são apenas os casos graves. Centenas de outros casos menos graves também foram reportados.

Aos poucos, se começa a falar mais de uma escalada de violência social na Argentina: a selvageria nos colégios, os linchamentos de ladrões nas ruas, os incidentes nos estádios de futebol.

O país vem experimentando violência nos estádios (o que levou que as autoridades locais a proibirem a presença de duas torcidas organizadas nos estádios), uma onda de linchamento de pequenos ladrões em bairros nobres da cidade de Buenos Aires e um alerta nas escolas pelo bullying que chocou o país depois da morte de Naira.

A ONG apresentou nesta quinta-feira, 15 de maio,  à Embaixada Brasileira em Buenos Aires uma petição pedindo que a mensagem de rejeição ao bullying seja levada aos jogos da Copa do Mundo em junho, no Brasil. ]

(Texto originalmente publicado no site do Clarín em português)