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Veja quatro razões que fizeram a PUC do Chile superar a USP

Ignacio Sánchez afirma que maior investimento em pesquisas contribuiu - César Cortés/Divulgação PUC do Chile
Ignacio Sánchez afirma que maior investimento em pesquisas contribuiu Imagem: César Cortés/Divulgação PUC do Chile

Bruna Souza Cruz

Do UOL*, no Rio de Janeiro

04/08/2014 10h15

A USP (Universidade de São Paulo) perdeu recentemente o primeiro lugar no ranking universitário da consultoria britânica QS (Quacquarelli Symonds), que mostra as 300 melhores universidades de ensino superior na América Latina.

Com 100 pontos atingidos, a PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Chile desbancou a universidade brasileira se tornando a melhor instituição da região. A USP, que recebeu uma pontuação geral de 98.9, ocupava a primeira colocação desde 2011, quando a empresa passou a analisar os dados da região latino-americana.

Para Ignacio Sánchez, reitor da PUC chilena, quatro pequenas melhorias fizeram a universidade superar a USP: a redução de estudantes por cada professor, maior investimento em pesquisas; a melhora na qualidade dos artigos publicados e o aumento no esforço para desenvolver publicações feitas em parcerias com instituições estrangeiras.

De acordo a análise do QS, o número de citações por publicação feitas pela instituição estrangeira superou o da USP. Além disso, ela melhorou sua pontuação na categoria relacionada ao impacto da universidade na internet, ou seja, o compromisso da instituição em se promover internacionalmente por meio da web foi maior.

"O Chile investe [em média] 800 milhões de dólares em pesquisa por ano. Na nossa Universidade a pesquisa está ao redor de 50, 60 milhões de dólares por ano.  45% da nossa publicação são [feitas] em parceria com outras instituições do mundo. Inclui a melhor universidade dos Estados Unidos, da Austrália, da América Latina.  [Diante disso,] o professor faz uma pesquisa de melhor qualidade. A citação tem mais qualidade", destacou Sánchez durante o 3° Encontro Internacional de Reitores Universia, que ocorreu nos dias 28 e 29 de julho, no Rio de Janeiro.

As áreas que mais atraem número de publicações na PUC chilena são: medicina, engenharia e astrofísica.

Segundo dados apresentados pela Folha de S. Paulo em maio deste ano, a USP tem de 25% a 30% dos trabalhos acadêmicos em colaboração com cientistas estrangeiros. Logo, a pesquisa feita na universidade brasileira acaba tendo menos impacto internacionalmente, uma vez que ela é menos lida e menos citada por outros cientistas.

"A [proporção de] pesquisa de todo o Chile é menor que no Brasil, mas nos últimos dois anos cresceu muito mais. Ano passado publicamos 1.600 artigos científicos. Isso é uma utilização muito boa do recurso [investido]. Nossa universidade representa 25% pesquisa do país. Em pesquisa, publicação, formação de alunos de doutorado. Estamos sempre entre 25% e 30%", disse Sánchez.  Em comparação com a instituição brasileira, essa porcentagem chega a 23%, de acordo com o reitor Marco Antonio Zago.

De acordo com o anuário estatístico da USP, 21.027 trabalhos foram publicados em 2013. Destes, 12.902 foram aqui no Brasil e 8.125 no exterior.

Outros cuidados

O reitor também acredita que a preocupação da PUC com o número de publicação por professor e a quantidade de estudantes para cada docente também podem ter contribuído para a chilena superar a brasileira.

“Para educar tem que haver um número de professores importantes e que possam atender o estudante [adequadamente]. Não somente nas salas, [é preciso ter também] maior recurso para que a pesquisa seja de mais qualidade”, explicou.

A PUC chilena possui 3.131 professores. Destes, 15% são estrangeiros, de acordo com o reitor. E para ingressar nos cargos de docentes, é preciso ter no mínimo nível de doutorado -- na USP também há exigência de doutorado.

Sobre a relação de intercâmbio entre o Chile e o Brasil, o reitor explica que recebe “por ano 1.600 estudantes estrangeiros de toda aparte do mundo. O maior grupo vem dos Estados Unidos e da Europa. Do Brasil, mais ou menos 20, 25 estudantes [chegam à universidade] todo ano. E cerca de 35 [da PUC do Chile] vão para o Brasil.”

Opinião sobre rankings

Ignacio Sánchez reforçou que “não há um ranking ideal”, mas que o QS, pelo menos, aborda aspetos importantes das instituições, como pesquisa, qualidade da docência, prestígio acadêmico.

“Os rankings ajudam a informar a universidade, os estudantes, o país. Todo ranking tem eficiência e deficiência. Só que mais do que competir é conhecer as universidades. Compartilhar”, concluiu.

Confira abaixo as pontuações obtidas pelas universidades:

PUC Chile  - pontuação 100

  • Reputação acadêmica - 100      
  • Graduados no mercado de trabalho - 100
  • Habilidade do estudante - 74.50
  • Citações por publicação - 98.70
  • Artigos publicados por membro do corpo docente - 96.80  
  • Proporção de funcionários com doutorado - 96
  • Impacto na internet - 93.90        

USP - pontuação 98.90

  • Reputação acadêmica - 100      
  • Graduados no mercado de trabalho - 100
  • Habilidade do estudante -  65
  • Citações por publicação - 84.20
  • Artigos publicados por membro do corpo docente - 100
  • Proporção de funcionários com doutorado - 100
  • Impacto na internet - 100  

*A jornalista viajou a convite da organização do  3° Encontro Internacional de Reitores Universia