Ex-PM foi preso, estudou e passou em direito e letras: vi que sou capaz
Há cinco anos, o ex-policial militar Júlio Feliciano Caser da Silva, 33, resolveu estudar sozinho na cela onde cumpre 15 anos de prisão por assassinato. Sem curso superior e expulso da corporação sem vencimentos, ele quer quer sair da cadeia com um diploma.
“Desde que fui preso [em 2009], [eu] me concentrei no estudo, pois quando terminar de cumprir a pena, eu vou precisar trabalhar”, diz. O ex-policial já foi aprovado em direito na UEPB (Universidade Estadual da Paraíba) em 2011 e em letras no IFPB (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba) em setembro de 2014.
A Justiça não permitiu que Silva frequentasse o curso de direito. Apesar dos recursos, o pedido foi definitivamente negado em 2012 pelo STF (Superior Tribunal Federal). Ele espera obter permissão para o curso de letras porque é na modalidade EAD (Ensino a Distância).
Enem e estudos
Outra possibilidade para fazer uma graduação deve aparecer em 2015, com a instalação de cursos superiores da UEPB no presídio Serrotão. Ele frequentou o cursinho preparatório que a universidade ofereceu em 2014 e, agora, espera pela nota do Enem que será divulgada nesta terça (13).
“Uso o tempo que tenho para estudar: eu tenho material didático, me dediquei e vi que sou capaz. Criei um esquema de estudo onde eu sou professor e aluno ao mesmo tempo dentro da cela”, conta Silva. “Tracei planos de estudo e, mesmo dividindo a cela com outros colegas, eu consigo me concentrar.”
O ex-PM diz ter conseguido que os colegas fiquem em silêncio nos seus momentos de estudo. Assim que acorda, ele pendura lençóis “isolando” o espaço em que dormiu, que vira seu canto de estudos. Disciplinado, ele explica que seu cronograma de estudos alterna duas disciplinas por dia, exercícios e a leitura de um livro da biblioteca por mês que ajuda na redução da pena. Se ler um livro por mês e apresentar um resumo da obra, ele ganha quatro dias de remição.
Silva está preso na Penitenciária Regional de Campina Grande Raimundo Asfora, conhecida como Serrotão, desde o mês de maio de 2014, onde tem acesso ao Campus Avançado da UEPB (Universidade Estadual da Paraíba). O Campus Serrotão é a pioneiro no Brasil como único centro universitário instalado dentro de uma unidade prisional. Antes, ele estava preso no 2º Batalhão de Polícia Militar, em Campina Grande.
O entrevistado não quis ser fotografado.
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