Após contaminação, aluna da USP Leste processa universidade
"Não entra na minha cabeça como uma universidade que ensina gestão ambiental possa estar contaminada." Essa é a visão de Rosangela Toni, 57, estudante que está processando o Estado e a USP (Universidade de São Paulo) após ter tido lesões na pele e perder 40% do cabelo e as sobrancelhas devido à contaminação do campus da EACH (Escola de Artes, Ciências e Humanidades).
Tudo começou em 2009 quando entrou para a USP Leste após um processo de transferência. "Comecei a ter feridinhas no corpo que não cicatrizavam. Ninguém sabia o que eu tinha. O diagnóstico era pele seca", conta. De lá para cá, Rosangela também teve hepatites A e B, crises alérgicas, problemas respiratórios e gástricos.
Devido à queda de cabelo, a estudante começou a usar próteses de silicone de sobrancelha que, segundo ela, descolavam facilmente. Por isso, a família de Rosangela se reuniu para bancar uma micropigmentação na área. "Tive que comprar pomada e creme para aliviar o ardor da coceira. Usar prótese de sobrancelha é pior que usar peruca em dia de ventania. Eu não merecia isso."
O diagnóstico foi feito pelo Hospital das Clínicas, uma instituição da USP: alergia a ascarel, um composto químico encontrado no terreno da USP Leste, que é cancerígeno.
Depois de todos os problemas, Rosangela não quer mais cursar gestão ambiental. Costureira durante mais de trinta anos, agora ela se matriculou em têxtil e moda, também na USP Leste, enquanto aguarda a decisão do juiz para cursar saúde pública, no campus da zona oeste. "Eu não desisto. Para mim é uma questão de vida e de honra estar ali. Eles vão ter que olhar para mim todos os dias."
Rosangela está pedindo, por meio da Defensoria Pública, o custeio pelo Estado do tratamento médico e indenização por danos materiais, morais e estéticos.
Outro lado
Em nota, a EACH informou que entrou em contato com a Superintendência de Saúde da USP, que colocou o Hospital Universitário à disposição da aluna para atendimento em abril de 2014, e que Rosangela ainda não compareceu ao local.
"Eu fui preterida. Eles não me ajudaram", desabafa. "Eles dizem que colocaram o Hospital Universitário à minha disposição, mas isso só depois que eu pedi. E lá é muito distante para mim. Moro na periferia de Guarulhos."
Sobre a terra irregular, a unidade afirmou que a área central do campus onde ela está concentrada foi isolada, conforme determinação da Cetesb, e que um serviço de investigação ambiental e avaliação de riscos toxicológicos será contratado para determinar o que ainda deve ser feito.
A EACH relatou ainda que todo o sistema de ventilação de gás metano foi instalado.
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