Topo

Alunos do ensino médio no Piauí vão ganhar bolsa para diminuir evasão

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

06/04/2015 19h09

Estudantes do ensino médio da rede pública do Piauí vão ganhar uma bolsa de R$ 1.500 como incentivo à frequência escolar e diminuição da evasão escolar. Segundo a Seduc (Secretaria Estadual da Educação), serão destinados R$ 35,5 milhões pelo Banco Mundial para realização do programa Poupança Jovem entre 2015 e 2019.

Ao todo, 19.600 estudantes de 59 escolas do governo do Estado vão ser beneficiados com a bolsa. O pagamento ocorrerá de forma anual, em parcelas de R$ 400, R$ 500 e R$ 600, depositadas em conta poupança ao final dos 1º, 2º e 3º anos do ensino médio -- caso haja aprovação do estudante no ano correspondente.

As parcelas não poderão ser sacadas de forma integral, mas apenas 40% do valor a cada final de ano. Somente na conclusão do ensino médio é que o estudante ou responsável poderá sacar o restante do saldo dos 1º e 2º, que ficará rendendo a juros da poupança, junto com o valor total do 3º ano.

Atualmente, de acordo com dados da Seduc, a taxa de evasão escolar do Piauí é de 16,9% nas escolas públicas do ensino médio. “A evasão resulta em queda de matrículas, queda de recursos e em entraves para melhorarmos o índice educacional dos estudantes do Piauí como um todo. Por isso, abraçamos essa proposta com a esperança de evitar ao máximo que jovens deixem de concluir seus estudos”, disse a secretária da Educação, Rejane Dias.

Para o diretor do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves, a bolsa vai ajudar os estudantes a destinarem tempo maior na escola, uma vez que, “o jovem precisa trabalhar mais cedo, principalmente no nordeste”. “A idade média dos alunos no ensino médio é de 18 anos no turno diurno e de 20 anos no noturno. Nestas idades eles já estão fazendo alguma atividade remunerada e, recebendo esse incentivo, poderá se dedicar mais à escola”, disse Neves.

Porém, Neves observa que o modelo do ensino médio adotado no Brasil deverá passar por uma reforma para se tornar mais atrativo para os jovens para que haja diminuição da evasão escolar. “Essas bolsas podem ser atrativas,mas a redução do abandono escolar vai depender também do modelo a ser estruturado. Se não melhorar o currículo e formação do professor a escola sempre pouco atraente. Temos de pensar numa escola feita para o jovem, que dialogue no mundo do jovem”, ressaltou, lembrando que o Estado de Minas Gerais já adota este tipo de incentivo para estudantes do ensino médio.

Segundo ele, 40% dos alunos que se evadiram da escola no ensino médio informaram que o fator principal era desmotivação, sem estar relacionado a ordem financeira. “Tem de haver uma revisão curricular para que as disciplinas estejam mais atrativas. Hoje, 61% dos jovens não foram formados em física e áreas correlatas; isso mostra que a educação tem de passar por uma mudança para dar mais qualidade ao aluno”, finalizou Neves.