PUC-Campinas investiga atos de racismo no curso de direito
Fabiana Marchezi
Do UOL, em Campinas (SP)
06/04/2015 12h27Atualizada em 06/04/2015 16h44
Após denúncias de alunos, a PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Campinas investiga supostos atos de racismo praticados em uma página do Facebook contra estudantes do curso de direito. De acordo com a denúncia, no dia 27 de março, o perfil Direito PUC-Campinas foi inundado por comentários e fotos racistas depois que um aluno negro teria defendido uma colega que reclamava da divisão de gêneros nas aulas de futebol.
O post que resultou nos supostos atos preconceituosos recebeu centenas de comentários, mas foi apagado em razão da grande polêmica.
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Em nota, a PUC-Campinas confirmou que recebeu a denúncia que “desencadeou averiguação do ocorrido”, mas ressaltou a página que registrou os supostos comentários racistas não é administrada pela universidade, portanto não é oficial.
"A PUC é responsável pelo endereço www.facebook.com/puccampinas, este sim, de responsabilidade do Departamento de Comunicação Social da Universidade".
A instituição de ensino não informou sobre qualquer punição aos responsáveis e nem deu detalhes sobre a investigação "em respeito ao adequado andamento das apurações".
Já o Centro Acadêmico de Direito da PUC-Campinas divulgou em sua página do facebook uma nota-denúncia repudiando os comentários do grupo de estudantes. "Machistas, racistas e homofóbicos não passarão. O discurso de ódio disfarçado de 'piada' e 'brincadeira' naturalizou, deu aval e legitimou muitas atrocidades na história da humanidade".
"Um show de horror, ignorância, desrespeito e intolerância. O post rendeu, foi longe, para a alegria e diversão deles e para a minha tristeza ou a de outros negros que viram aquilo ou até mesmo daquele ser humano que possui um misero resquício de humanidade e compaixão com o próximo. Além de todo o fato, de toda a diversão dos leões, de toda a repercussão que houve um detalhe eu não comentei: onde eu estava naquele ponto? Bom, palavras por mais claras e bem colocadas que elas possam estar jamais poderão passar puramente e naturalmente o que eu senti. Quantas vezes eu já apoiei um oprimido? Quantos discursos eu já proferi para apoiar alguém que sofreu? Quantas vezes saíram da minha boca frases imponentes contra o racismo? Eu desmoronei. Poderia omitir isso e jamais tornar o fato público por simples e puro orgulho, porém, essa é a realidade; não é fácil bater assim de frente com o racismo, muito menos encará-lo e tentar superá-lo”, escreveu o estudante.