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ANA: Dados sobre alfabetização são ruins, segundo especialistas

Karina Yamamoto

Do UOL, em São Paulo

17/09/2015 17h16Atualizada em 17/09/2015 17h35

No Brasil, 56% dos estudantes do 3º ano do ensino fundamental estão nos níveis mais baixos de proficiência (o quanto os alunos sabem) em leitura - níveis 1 e 2.

Para os especialistas ouvidos pelo UOL, os resultados são ruins. Os dados são da ANA (Avaliação Nacional da Alfabetização), divulgados pelo MEC (Ministério da Educação) na tarde desta quinta (15).

“O quadro é ruim”, avalia Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e blogueiro do UOL. “Quem foi melhor já tinha uma prática histórica e dedicada a alfabetização das crianças. Ou seja, não há milagre: educação é trabalho. E o trabalho é de longo prazo."

Os dados da ANA são "bem preocupantes" segundo Ricardo Falzetta, gerente de conteúdo do Todos pela Educação. "Temos 56% [dos estudantes] nos níveis mais baixos [de proficiência] em leitura", diz. "A alfabetização tanto em matemática quanto em português são a base para continuar e, se não for boa, vai comprometer a aprendizagem [nos anos seguintes]".

Pnaic

A ANA tem abordagem de diagnóstico, segundo o MEC. E, com base nesses resultados, a pasta pretende ajustar o Pnaic (Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa).

Os resultados que estão sendo divulgados nesta quinta são de avaliações aplicadas em 2014 e o MEC cancelou a avaliação de 2015. Segundo o MEC, o cancelamento se deu por motivos pedagógicos. E especialistas chamaram a atenção para certo abandono do Pnaic.

Conforme o UOL apurou, as verbas para a formação dos professores só chegaram no meio do ano. 

"Do ponto de vista financeiro, [o Pnaic] é barato e promove um diálogo amplo [de caráter nacional]", afirma o professor Emerson Rolkouski, da UFPR (Universidade Federal do Paraná), que coordena a formação de professores no Paraná. "Perdemos seis meses este ano."

Segundo Daniel, o Pnaic "pode ser melhorado, mas precisa continuar. Lá na frente, dará resultado" uma vez que os esforços na área da educação demandam tempo para que se obtenha resultados.