'Tinder' da educação une alunos e voluntários para aulas na rede pública
E se o estudante pudesse escolher o que quer aprender na escola? Não é preciso sair perguntando a cada aluno para saber que esse deve ser o sonho de dez em cada dez adolescentes. Desejo que quatro jornalistas de São Paulo tentam atender por meio do projeto “Quero na escola”.
A ideia é juntar o 'par perfeito': o pedido de determinada aula, vindo de um grupo de alunos da escola pública, com um voluntário ou uma voluntária que possa e queira ensinar.
Funciona de forma simples: o aluno acessa o site da iniciativa (http://www.queronaescola.com.br/), se cadastra, diz onde estuda e o que gostaria de aprender na escola.
Música, teatro, pintura, capoeira, futebol, vale de tudo. E qualquer pessoa que tem um tempinho livre, algum talento e disposição para ajudar pode entrar na página, se cadastrar e dizer de que forma pretende colaborar. A equipe do projeto trata de colocar alunos e voluntários em contato.
Em pouco mais de dois meses de existência, a plataforma viabilizou a participação de cerca de 300 estudantes em oficinas presenciais e gratuitas de artesanato, fotografia, cerâmica, contação de estórias e grafite promovidas por voluntários.
O “Quero na escola” é voltado para alunos de escolas públicas, preferencialmente de ensino médio, etapa escolar que registra os maiores índices de evasão escolar no país.
Financiamento coletivo
No dia 24 de novembro, o projeto entrou em uma nova fase: as fundadoras estão buscando financiamento para ampliar o atendimento a mais cem escolas. Precisam, para isso, levantar R$ 25.900 até o dia 25 de dezembro.
A vaquinha é virtual, por meio da plataforma Catarse no link: https://www.catarse.me/queronaescola
História do projeto
A proposta surgiu de uma inquietação da jornalista Cinthia Rodrigues, 34, que há sete anos escreve reportagens sobre educação. Ela conta que, apesar das inúmeras matérias que já fez sobre o ensino médio, os indicadores de qualidade desse nível escolar não mudam. “Eu queria fazer alguma coisa pelo ensino médio, que é uma etapa da educação que não melhora”, diz.
A jornalista conversou com professores e estudantes do ensino médio de São Paulo. “Dizem que o aluno de ensino médio é desinteressado. Vi que ele tem um monte de coisas que quer fazer, não necessariamente as matérias chatas da escola”, fala.
“E percebi que, não sendo governo para eu mesma valorizar [os professores] e aumentar seus salários, o que eu poderia fazer é que o estudante valorizasse o professor, que quer fazer aquele trabalho; o sonho dele é dar uma aula que o aluno aprenda”, detalha.
Cinthia conta que um estudante pediu pelo site para aprender fotografia, e uma voluntária que morava a poucos quarteirões da escola dele foi até lá para ensinar algumas técnicas aos adolescentes. “Ela [a fotógrafa] nunca iria bater na escola para oferecer o serviço”, diz com orgulho.
Para colocar o site no ar, Cinthia Rodrigues contou com a colaboração de outras três amigas jornalistas --Luiza Técora, Luciana Alvarez e Tatiana Klix-- e do apoio da organização Social Good Brasil, que ajuda a viabilizar projetos que usam tecnologias e novas mídias para promover mudanças sociais.
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