SP: 48% dos recém-formados em medicina não estão preparados para trabalhar
De um total de 2.726 recém-formados em medicina que participaram do exame do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) em 2015, 48,13% (1.312) foram reprovados na avaliação. Segundo a entidade, o resultado mostra que quase metade desses novos profissionais não está apta a exercer uma medicina de qualidade.
Hoje o profissional consegue o registro no CRM (Conselho Regional de Medicina) mesmo tendo sido reprovado nessa avaliação, que no último ano se tornou facultativa em função de uma decisão judicial.
“O Conselho lamenta muito o resultado. São esses os profissionais que vão tratar seus filhos, amigos, família. Quase metade de reprovação é um número muito alto”, afirmou Bráulio Luna Filho, coordenador do exame e professor livre-docente em cardiologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Para ser aprovado, o participante precisa acertar 60% das 120 questões da prova. O exame avaliou os egressos em clínica médica, clínica cirúrgica, pediatria, ginecologia, obstetrícia, saúde pública, saúde mental, bioética e ciências básicas.
“Os participantes erraram respostas para questões básicas, 80% das perguntas eram [com grau de dificuldade] de médio para fácil”, acrescentou.
De acordo com o coordenador, a maior dificuldade encontrada pelos recém-formados foi em questões nas áreas de clínica médica (50,9% de acertos) e saúde pública/epidemiologia (52,8%). Abaixo da média de 60% de acertos, o resultado por conteúdo é considerado insatisfatório.
“A clínica médica é a base de quem pretende exercer a medicina. É base para quem deseja se especializar em pediatria, obstetrícia, qualquer coisa. É preocupante.”
Públicas e privadas
Os egressos de escolas médicas públicas tiveram desempenho melhor do que os das instituições particulares, com 73,6% e 41,2% de aprovações, respectivamente. Atualmente, existem 45 escolas médicas em atividade no estado. Dessas, 30 foram avaliadas, pois o restante ainda não formou suas primeiras turmas.
Segundo o professor, as piores escolas médicas particulares são as que possuem cursos recentes e estão formando médicos em suas segundas, terceiras turmas.
“O preço aqui não significa qualidade. As particulares registraram um número muito alto de reprovações [58,8%]. O indivíduo paga entre 6.500 reais por mês de mensalidade e recebe esse produto [de má qualidade, má formação].”
Para mudar esse quadro, o coordenador sugere que as instituições de ensino reavaliem suas práticas de ensino, estruturas e priorizem a oferta de qualidade em seus cursos. Além disso, ele defende que o exame do Cremesp seja obrigatório para todos os recém-formados como condição para obtenção do registro do CRM.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.