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No RS, alunos ocupam 13 escolas; professores estão em greve

Lauro Alves/Agência RBS/Estadão Conteúdo
Imagem: Lauro Alves/Agência RBS/Estadão Conteúdo

Lucas Azevedo

Colaboração para o UOL, de Porto Alegre

16/05/2016 15h39

O Rio Grande do Sul já contabiliza 13 escolas estaduais ocupadas por alunos – sete delas em Porto Alegre. Em todos os casos a reivindicação é por melhorias nas estruturas dos prédios, Pegando a onda de insatisfação com a educação no estado, os docentes estaduais aprovaram, na última sexta-feira, greve da categoria. 

A primeira ocupação feita por alunos ocorreu na quarta-feira (11), no Colégio Emilio Massot, no bairro Azenha, na capital. Lá, dezenas de alunos estiveram reunidos para uma série de atividades em prol de suas reivindicações. Eles colocaram faixas pela escola com os dizeres "Na luta pela educação", realizaram palestras, assembleias, e auxiliaram na limpeza. Os estudantes estão utilizando duas salas de aula como dormitório - uma para meninas e outra para meninos - e estão recebendo apoio de pais e professores.
 
"Estávamos inconformados com a situação da falta de professores e do atraso nos repasses para a escola. Então começamos a ver o que poderíamos fazer a respeito. Desde o ano passado estamos reivindicando, mandando ofício para a Secretaria de Educação, e não surtiu nenhum efeito. Então fizemos a ocupação na quarta-feria pela manhã e, cerca de três horas depois, um representante da secretaria veio conversar com a gente. Uma parcela em atraso já foi depositada e um professor que faltava foi enviado para cá", explica o aluno do segundo ano do ensino médio, Gregory Azevedo, 18 anos.
 
O colégio Emilio Massot possui cerca de 1,2 mil alunos do ensino fundamental ao técnico divididos nos três turnos. A diretora da escola, Márcia Helena Pilon Mainardi, avalia como positivo o protesto dos alunos. "O movimento nasceu deles. Enquanto direção, optamos por não proibir, mas negociar a todo momento para que as coisas ocorram dentro da maior normalidade possível. Assim, alguns alunos estão tendo aulas normalmente. Dá para dizer que a situação está bem tranquila."
 
De acordo com Azevedo, o repasse mensal de cerca de R$ 8 mil que deve ser feito pelo governo do Estado para a escola está atrasado desde janeiro. No mesmo mês, Porto Alegre foi atingida por um forte vendaval, que causou avarias no prédio do colégio. Os R$ 38 mil para as obras foram colocados à disposição da direção somente esta semana.
 
"Os professores estão tendo o direito a dar as aulas. Mas não vamos desocupar a escola, porque é só assim que estamos conseguindo ver as mudanças acontecerem", avalia o estudante. "Briguei em casa. Meu tio disse para eu parar com isso e ir estudar. Mas se eu não mudar, quem vai? De grão em grão a galinha enche o bico, né?", comenta Azevedo.
 
Depois da ocupação do Colégio Emilio Massot, alunos da Escola Estadual Agrônomo Pedro Pereira, na zona leste da cidade, tomaram o prédio, na noite de quarta. No dia seguinte, foi a vez dos estudantes da Escola Estadual de Ensino Médio Padre Réus, na zona sul de Porto Alegre.
 
O mesmo ocorreu no Colégio Júlio de Castilhos, o mais tradicional da rede pública gaúcha e um dos maiores do Estado. Lá, as aulas foram suspensas. Nesse fim de semana, estudantes das escolas Paula Soares, Costa e Silva e Colégio Protásio Alves aderiram às ocupações.

Já em Rio Grande, na zona sul do RS, as escolas Juvenal Miller, Bibiano de Almeida, Getúlio Vargas, Mascarenhas de Moraes e Silva Gama também estão ocupadas. No norte do RS, em Passo Fundo, os alunos decidiram ocupar o prédio da Escola Eulina Braga.
 
Procurada, a Secretaria Estadual da Educação informou que tem visitado as escolas e orientado as direções a manterem uma postura de diálogo com os estudantes. Em relação às reivindicações dos alunos, a pasta explica que as demandas que são possíveis de atender com maior brevidade estão sendo feitas, como nos casos de falta de recursos humanos.

Por fim, a secretaria afirma que a Fazenda Estadual liberou R$ 5,6 milhões na última quinta-feira para as escolas. O valor é parte da autonomia financeira do mês de março e diz respeito aos recursos destinados à manutenção.

Em greve

Os professores do Estado decidiram entrar em greve em assembleia da categoria realizada na última sexta, em Porto Alegre. O movimento conta com adesão parcial em todo RS. Conforme o Cpers/Sindicato, o balanço das instituições sem docentes trabalhando será concluído apenas no fim da tarde.

Os servidores exigem o pagamento do piso nacional do magistério, reajuste de 13% retroativo a 2015, e mais 11% referente a 2016. Não há data de encerramento da paralisação.