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Facebook: mãe reclama de zero na prova da filha que "defendeu" capitalismo

Resposta de estudante do Rio para questão sobre capitalismo - Reprodução
Resposta de estudante do Rio para questão sobre capitalismo Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

26/05/2016 15h24Atualizada em 04/07/2020 18h37

A reclamação da mãe de uma aluna que tirou zero está viralizando na internet. Revoltada porque a filha errou a questão da prova, a mulher compartilhou a resposta da estudante e disse ter exigido a revisão da nota.

A postagem foi publicada em 23 de maio, às 12h25 e, em três dias, já contava com 11 mil compartilhamentos.

O texto do enunciado pedia que os alunos justificassem a afirmação de que o "capitalismo fundamenta a lógica imoral da exclusão".

Após defender capitalismo em prova, aluna leva zero e mãe questiona  - Reprodução - Reprodução
Questão da prova pedia para justificar afirmação sobre o capitalismo
Imagem: Reprodução

A resposta da menina foi que ela discordava da afirmação:

"Não concordo que o capitalismo fundamenta a lógica imoral da exclusão. Muito pelo contrário. O capitalismo amplia empresas, gerando assim, empregos. O capitalismo dá oportunidades a todos, diferente do comunismo e socialismo, que não deu certo em nenhum país. A exclusão não está relacionada ao capitalismo, porque ele não gera pobreza. Fica pobre quem quer pois ele gera oportunidades. E também tem a meritocracia, que deve ser vista como um plus na sociedade, pois quando se recebe uma oportunidade é possível alcançá-la com mérito e dedicação."

A mãe cita ainda a iniciativa "Escola sem Partido", que propõe punir os professores que derem sua opinião em sala de aula.
Até a publicação deste texto, o UOL não conseguiu contato com a mãe. Sem saber de que escola se trata -- a mulher não identifica no post --, a reportagem não pôde ouvir a versão da escola sobre o acontecido.

"Escola sem partido"

A polêmica acontece um dia depois do ator Alexandre Frota e membros do grupo Revoltados Online entregarem um conjunto de propostas para o ministro da Educação, Mendonça Filho. Entre elas, está a "Escola sem partido", que defende o fim do que chamam de "doutrinação ideológica das escolas".

Para especialistas em educação, a proposta pode tanto ser interpretada como um atentado à liberdade de cátedra quanto uma distorção do papel do educador de oferecer o melhor do conhecimento disponível, com suas contradições, aos alunos.

O ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, comentou o caso em sua rede social. "[A proposta] confunde crença e ciência. Quando querem proibir professores de ter 'ideologia', confundem o que as ciências humanas descobriram (e que muitas vezes não é consenso: pois não há ciência sem debate) e a defesa de uma ou outra posição política", afirmou.

Para o cientista social José Álvaro Moisés, criar uma lei para punir professores que adotem posturas ideológicas "não faz o menor sentido". "É uma atitude contra a liberdade de expressão e de cátedra e não deve ser aceita pelo governo."