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Aluno matou colega a facadas em escola, diz secretário de Segurança do PR

Rafael Moro Martins

Colaboração para o UOL, em Curitiba*

24/10/2016 19h17Atualizada em 25/10/2016 09h38

O secretário estadual da Segurança Pública do Paraná, Wagner Mesquita de Oliveira, disse na noite desta segunda-feira (24) que o estudante Lucas Eduardo de Araújo Lopes, de 16 anos, foi morto no Colégio Safel, em Curitiba, após um desentendimento com um amigo após usarem uma espécie de droga sintética.

O Colégio Safel, no bairro de Santa Felicidade, está ocupado há 22 dias por estudantes em protesto contra mudanças no ensino médio anunciadas pelo governo federal e contra medidas de contenção de gastos que envolvam cortes de verbas para a área da saúde.

Em entrevista coletiva na sede da secretaria, Oliveira afirmou que a morte do garoto foi uma “tragédia presumida” (sic). "O autor do crime foi outro estudante, que está detido e confessou o crime".

Lucas morreu com golpes de faca de cozinha, segundo a Polícia Civil, após os dois, que eram amigos, usarem uma droga sintética conhecida como 'balinha' e se desentenderem no banheiro da escola ocupada.

“Os dois, que participavam do movimento de ocupação da escola, dividiram a droga e ficaram alterados. Por conta disso, o grupo [de estudantes que ocupa a escola] pediu para que se afastassem, e eles foram ao local que chamam de alojamento”, disse o secretário. “Lá, tiveram discussão. Lucas tentou agredir o autor do crime, que portava uma faca de cozinha e o golpeou na região do pescoço. O autor pulou a janela e o muro, mas foi visto por outros jovens. Bombeiros e polícia foram acionados, mas não houve tempo de socorrer o jovem.”

Oliveira afirmou que o suspeito do crime está detido e que será ouvido pelos policiais civis do DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa). 

Responsabilidades

Uma questão que irá ocupar o governo estadual é questão de estabelecer as responsabilidades a respeito do comportamento dos jovens estudantes durante as ocupações. O Colégio Safel, por exemplo, foi isolado na noite desta segunda-feira (24) pela Polícia Militar, que pretende esvaziar a escola e encerrar a ocupação.

“Deve haver responsabilização dos maiores que estavam nas escolas. Inclusive dos pais – temos notícia de [ocorrências de] coma alcóolico, o que denota que pais falharam em sua tutela. Se houver fatos que liguem professores [à ocupação da escola], também serão responsabilizados”, falou o secretário. “Mas só ao final da apuração é que se vai medir a responsabilidade [de pais ou professores].”

“[O assassinato] Foi uma ocorrência pontual, mas uma tragédia presumida (sic), que tentamos evitar acionando os órgãos de controle e fiscalização. Havíamos solicitado uma atuação mais firme do Conselho Tutelar e do Ministério Público, já estávamos prevendo [que haveria] exposição dos menores a risco. Mas o Conselho Tutelar disse que estava tudo bem”, disse Oliveira.

“Estávamos prevendo a possibilidade de um confronto com pais e alunos de ideologia contrária. Já havia um caminho traçado para um problema de agressão, mas não [para uma ocorrência] envolvendo uso de drogas”, disse. “Espero e acredito que esse caso sirva de exemplo e movimento arrefeça, que pais chamem sua responsabilidade.”

A Secretaria de Segurança Pública diz ter recebido, em apenas seis dias, mais de 60 denúncias, em canal aberto para tal, de crimes em escolas ocupadas. “[Trata-se de] Violência contra menores, ameaças e tráfico e uso de drogas”, listou Oliveira. “Já estávamos nos preparando para atuar pontualmente, investigando algumas escolas, não sei se também nessa [onde ocorreu o crime]”.

O Colégio Estadual Santa Felicidade já tivera a reintegração de posse solicitada pela Procuradoria Geral do Estado à Justiça. Apesar disso, o secretário disse que não deverá haver, por ora, mudanças na conduta do governo do estado. Ele informou que o Palácio Iguaçu montou, hoje, um gabinete de crise para acompanhar a situação.

“Ainda não é a hora [de mudar a estratégia e executar as decisões de reintegração de posse]. É hora de se avaliar outras medidas. Num outro momento, vamos pensar, de maneira próxima ao Ministério Público, ao Judiciário e ao Conselho Tutelar, se haverá medida coercitiva”, afirmou.

Apoio psicológico

O defensor público Eduardo Abraão, que esteve no Colégio Safel, afirmou que uma psicóloga será encaminhada à escola ainda nesta segunda-feira porque há adolescentes em "estado de choque."

"A gente vê isso com bastante preocupação e vamos providenciar para que outros tenham acompanhamento psicológico na escola e para aqueles que tiverem de depor na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa", disse Abraão.

*Colaborou Janaina Garcia, do UOL