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Com três salários atrasados, professores decidem retomar as aulas na Uerj

Professores da Uerj decidem em assembleia pela volta às aulas - Carolina Farias/UOL
Professores da Uerj decidem em assembleia pela volta às aulas Imagem: Carolina Farias/UOL

Carolina Farias

Colaboração para o UOL, no Rio

10/04/2017 19h03Atualizada em 10/04/2017 19h10

Professores da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) decidiram em nesta segunda-feira retomar as aulas na universidade ainda hoje (10). A decisão foi tomada em votação apertada, no fim da tarde desta segunda: 282 professores votaram a favor de iniciar o ano letivo e 242 foram contrários. O estado de greve, entretanto, será mantido.

Os professores estão sem receber o décimo terceiro e os dois últimos meses de salário. Outra assembleia, ainda sem data definida, decidirá uma possível paralisação futura. Segundo a universidade, o governo deixou de repassar R$ 767 milhões à instituição em 2016. O salário dos docentes de janeiro foi dividido em cinco vezes, mas o pagamento foi antecipado e já foi concluído. Neste ano, R$ 168, 8 milhões não foram transferidos para a universidade. 

“Ele (Pezão) diz que volta a pagar as bolsas se voltarmos a trabalhar. Então vamos ver. Não estou feliz com essa situação. Tenho mais de 40 anos de UERJ. Não quero vê-la morrer”, disse a professora de bioquímica Marsen Garcia, que votou pelo estado de greve.

Alguns professores, entretanto, são céticos quanto à possibilidade de pressionar o governo do Rio após a volta às salas de aula. “O Pezão quebrou nossa confiança. Não vemos medidas para nos pagar em maio, junho. Isso é cruel. Muitos colegas fizeram dívidas. Eu não entrei, mas é meu direito receber”, afirmou o professor de letras Decio Rocha.

A decisão de retomar o calendário letivo foi tomada pela reitoria da Uerj. No primeiro dia após três meses de paralisação, algumas turmas tiveram aulas pela manhã, mas parte do tempo foi usado pelos professores para discutir sobre a situação dos docentes. Não houve aula à tarde.

“Já estamos parados há três meses. Agora com os alunos aqui temos uma mobilização maior para pressionar o governo. Não temos nem um calendário de quando vamos receber”, disse uma professora que votou contra a greve e preferiu não se identificar.

Além dos docentes, alunos cotistas estão sem bolsa e o bandejão ainda não voltou a funcionar. A universidade atende 42 mil estudantes.

Funcionários da administração, responsáveis pela parte burocrática como biblioteca, secretaria e departamento de estágio, estão em greve desde janeiro.