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PF deflagra operação contra desvio de recursos na UFSC

Campus da Universidade Federal de Santa Catarina em Florianópolis - Cadu Rolim/Fotoarena/Folhapress
Campus da Universidade Federal de Santa Catarina em Florianópolis Imagem: Cadu Rolim/Fotoarena/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

14/09/2017 07h01Atualizada em 14/09/2017 10h10

A PF (Polícia Federal), em conjunto com a CGU (Controladoria-Geral da União) e o TCU (Tribunal de Contas da União), prendeu o reitor da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Luís Carlos Cancellier de Olivo, e outras seis pessoas da instituição na operação "Ouvidos Moucos", na manhã deste quinta-feira (14). Segundo a PF, a ação tenta desarticular uma organização criminosa que teria desviado recursos para cursos de EaD (Educação à Distância). A suspeita é de que foram repassados R$ 80 milhões.

Pouco mais de cem policiais federais cumprem mandados judiciais expedidos pela 1ª Vara da Justiça Federal em Santa Catarina, sendo 16 mandados de busca e apreensão, 7 mandados de prisão temporária e 5 mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é levada para prestar esclarecimentos), além do afastamento de 7 pessoas das funções públicas que exercem.

Segundo a PF, as investigações começaram a partir de suspeitas de desvio no uso de recursos públicos em cursos de Educação a Distância oferecidos pelo programa UAB (Universidade Aberta do Brasil) na UFSC. A operação policial tem como foco repasses que totalizam cerca de R$ 80 milhões.

Docentes da UFSC, empresários e funcionários de instituições e fundações parceiras teriam atuado para o desvio de bolsas e verbas de custeio por meio de concessão de benefícios a pessoas sem qualquer vínculo com a universidade.

"Foi identificado que docentes da UFSC, empresários e funcionários de instituições e fundações parceiras teriam atuado para o desvio de bolsas e verbas de custeio por meio de concessão de benefícios a pessoas sem qualquer vínculo com a universidade", afirma a PF, em nota. 

Ainda segundo a PF, estão sendo cumpridas sete mandados de busca e apreensão em setores administrativos da universidade, para o fomento às atividades de ensino, pesquisa e extensão acadêmica. Também ocorrem nove buscas e apreensões em endereços residenciais de docentes, funcionários e empresários.

Um dos alvos da ação dos policiais é um depósito de documentos ainda não analisados pelos órgãos de fiscalização localizado na região norte da ilha, distante do campus da UFSC.

A Justiça Federal determinou ainda que a unidade central da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), em Brasília, "forneça imediatamente à PF acesso integral aos dados dos repasses para os programas de Ead da UFSC".

A UFSC é considerada, em alguns rankings, uma das dez melhores do Brasil. A universidade possui cerca de 40 mil alunos e mais de 1.500 professores, quando somados docentes, discentes, funcionários, terceirizados e outros. Cerca de 50 mil pessoas circulam pelos cinco campi da instituição diariamente.

Outro lado

A assessoria de imprensa da UFSC informou que foi pega de surpresa pela detenção do reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo. A universidade informou, por meio de nota, que a administração central tinha conhecimento dos procedimentos de apuração que estavam sendo conduzidos pela Corregedoria-Geral da instituição sobre "supostas irregularidades ocorridas em projetos executados desde 2006."

"Sempre mantivemos a postura de transparência e colaboração, no sentido de permitir a devida apuração de quaisquer fatos de modo a atender as melhores práticas de gestão", informa a universidade. Enquanto Olivo estiver preso, a reitoria ficará sob o comando do pró-reitor de extensão, Rogério Cid Bastos, porque a vice-reitora, Alacoque Lorenzini Erdmann, está no exterior.