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Tem alguém na família que vai fazer Enem? Seja paciente e veja como ajudar

Adriano Vizoni/Folha Imagem
Imagem: Adriano Vizoni/Folha Imagem

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

30/10/2017 04h00Atualizada em 09/02/2022 16h06

Essa é a quarta vez que a paranaense Juliana Eloise de Oliveira, 20, vai prestar Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Ela tenta uma nota alta para conseguir entrar em medicina e, com toda a pressão que a proximidade da prova traz, admite estar com "os nervos à flor da pele". Seu irmão, o estudante Gustavo Mateus de Oliveira, 18, concorda.

Ele diz que nesses quatro anos, sempre quando chega perto das provas do Enem e dos vestibulares, Juliana fica mais nervosa. "A gente acaba brigando, mas é sempre por besteira", confessa.

Juliana diz que o nervosismo é tanto que, além de "às vezes dar um branco" no conteúdo que estudou, acaba descontando a ansiedade na família. "Mas eles sabem que nessa fase a gente acaba explodindo por qualquer coisa e compreendem", disse.

"Eu entendo bem. Já passei por isso", diz o irmão, que está no primeiro ano de Design da UFPR (Universidade Federal do Paraná).

Se você também tem em casa um parente que vai prestar o Enem, veja abaixo algumas maneiras de ajudá-lo:

1 - Passe confiança e aceite "engolir sapo"

A paranaense não é uma exceção. O psicólogo e orientador educacional do Curso Positivo, Ivo Carraro, afirma que é normal ficar ansioso, mas diz que é preciso ter cuidado para que isso não tome proporções exacerbadas. "A ansiedade, sendo emocional, bloqueia o acesso ao conteúdo estudado durante os anos da vida acadêmica dele. Esse fato contribui para não ir bem no Enem", diz.

Para ele, a família pode ajudar para que a ansiedade do candidato não se volte contra ele. "Como a família pode ajudar? Passando confiança. Se ele não for bem, existe sempre o outro ano. Um abraço de mãe e a compreensão de um pai valem mais do que mil palavras", afirma.

Tem que ter paciência mesmo, segundo a psicóloga e orientadora do Anglo, Patrícia Lacerda. "É ouvir e engolir o sapo nessa fase", aconselha.

Segundo ela, a família precisa entender que o ingresso à universidade é algo importante para o candidato e que isso o deixa ansioso. "É preciso lembrar que agora ele está vivendo um fechamento de um processo, que se dedicou bastante durante o ano e agora é a conclusão desse processo. Ele vai estar mais à flor da pele mesmo", explica.

2 - Apoie e não questione a dedicação dele

Para demonstrar que a família está ao lado de Juliana, o pai dela, o administrador Dorvalino de Oliveira, 59, conta que tem feito tudo o que ela precisa para conseguir realizar o sonho de entrar em medicina.

Juliana sai às 5h30 da sua casa, em Araucária (PR), para ir ao cursinho que fica em Curitiba. Vai de van, mas à noite são os pais que vão buscar. "Vamos todos os dias buscá-la no colégio, que fica a 50 km da cidade em que vivemos. Isso de segunda a sábado", afirma o pai.

A estudante diz que as coisas mudaram dentro de casa, porque no começo os pais não pareciam entender como ela não conseguia uma nota suficiente para entrar em medicina. "Eles perguntavam 'você está estudando mesmo?', diziam 'você não passa porque não está estudando'. Hoje eles veem e entendem que é complicado passar em medicina", conta.

Para Vera Lúcia Antunes, coordenadora pedagógica do colégio e curso Objetivo, esse tipo de comentário deve ser evitado.

"Não tem nada que questioná-lo. Tem que dizer 'confio em você'. Ouvir um simples 'será?' é capaz de destruir as chances dele [do candidato]. Os pais têm que mostrar que confiam no filho, dizer frases como 'sabemos que você se esforçou muito e que merece tirar uma nota boa'", afirma.

A orientadora Patrícia Lacerda aconselha a não perguntar sobre a prova, principalmente nessa reta final. "Pais ficam ansiosos, e questionar demais pode deixar o candidato ansioso. Ser lembrado o tempo inteiro de que ele fará a prova faz com que ele entre mais em desespero. Então, o conselho é não perguntar nada", diz

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3 - Ajude na saúde e no clima da casa

Ao contrário dos irmãos da família Oliveira, Victória Clepf Martins de Araújo, que fará o Enem pela primeira vez para valer - prestou no ano passado por experiência -, tem conseguido manter a mesma relação harmoniosa de sempre com a irmã, Amanda, de 17 anos.

"Ela sempre foi minha 'irmãzona', que está do meu lado em qualquer momento. Até me ajuda com os estudos antes das provas de matérias que tenho dificuldade, mesmo ela tendo várias coisas para estudar", conta Victoria, que está terminando o ensino médio no Colégio Emece, em São Paulo.

personas enem - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Da direita para a esquerda, Amanda, Victoria, Cristina e Maurício
Imagem: Arquivo pessoal

Segundo Amanda, a irmã parece estar tranquila, e ela atribui isso ao apoio familiar. "Aqui em casa, sempre teve muito apoio em questão de estudos ou sobre a carreira que quiséssemos seguir. Então ela sabe que é só uma prova e que, apesar dessa pressão toda que tem em volta, não define quem ela é", diz.

A assistente social Cristina Clepf, 52, mãe de Victoria, diz que procura sempre acompanhar os passos da filha, para que ela se sinta apoiada, mas sem pressão. "Ela dorme oito horas por dia para ter energia para outro dia de estudos intensos. Cuido para que ela se alimente bem, de maneira saudável, nos horários certos. A casa fica bem silenciosa para que ela estude", conta.

4 - No dia, leve ao local e não dê pitacos

Antes mesmo do primeiro dia do Enem, os especialistas recomendam que os responsáveis - pais, mães ou outros familiares - visitem na véspera o local onde o aluno fará a prova.

"É importante a visita um dia antes, se é um local que ele não conhece. Primeiro é falar com o filho e saber se ele quer te acompanhar. Então o pai, a mãe, ou alguém da família pode acompanhá-lo", diz Patricia Lacerda

Para ela, esse gesto pode dar mais confiança ao participante e demonstrar que ele tem o apoio da família. "Os pais também podem preparar uma alimentação mais leve para que ele não passe mal durante a prova. São nos pequenos detalhes que a família pode mostrar que está junto do candidato, o apoiando", acrescentou.

Vera Lúcia Antunes aconselha os pais a deixarem o candidato no portão do local de prova. "É muito importante acompanhar o aluno no dia da prova. Não é porque seu filho já tem 18 anos que você não precisa mais acompanhar. Ir com ele no dia da prova é demonstrar o apoio da família, e isso pode ter um retorno enorme", diz a coordenadora do Objetivo.

Ela adverte, no entanto, que os pais devem evitar falar da prova. "Evite dar pitaco sobre a prova. Respeite o que o filho construiu no cursinho. Dê amor". E acrescenta: "Quando for levar, tenha um papo legal. Se for de carro coloque uma música alegre, que ele goste, mas nada de falar no Enem".

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