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De gambiarra em tênis a ponto eletrônico, relembre fraudes que marcaram o Enem

Militares escoltam caminhão com provas do Enem: segurança para evitar fraudes - ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Militares escoltam caminhão com provas do Enem: segurança para evitar fraudes Imagem: ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Luis Kawaguti

Do UOL, em São Paulo

04/11/2017 04h00

Desde a sua criação, no fim da década de 1990, o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) já foi alvo de inúmeras tentativas de fraude. Como o exame abre as portas para a maior parte das universidades do país, diversas quadrilhas se formaram para tentar vender as respostas das provas por dezenas de milhares de reais para candidatos inescrupulosos.

Ao longo do tempo, as tentativas de fraude foram se tornando cada vez mais complexas e passaram a movimentar verdadeiras fortunas.

A velha tática de colar na prova começou a dar lugar a esquemas sofisticados. Em um deles, quadrilhas transmitem as respostas das provas para candidatos no dia do exame por meio de pequenos aparelhos de transmissão de áudio.

Para se beneficiar desses esquemas, estudantes e seus familiares se dispõem a pagar preços que em alguns casos superam os R$ 100 mil. O objetivo deles é conseguir vagas de forma fraudulenta em universidades públicas concorridas.

Veja algumas das tentativas de fraude que foram flagradas pela polícia nos últimos anos.

Pontos eletrônicos e respostas suspeitas

O Enem de 2016 foi alvo de duas operações contra fraudes realizadas pela Polícia Federal, resultando na detenção de mais de 10 pessoas.

A operação Embuste identificou uma quadrilha que usava pontos eletrônicos para repassar respostas de perguntas da prova durante sua realização para candidatos que faziam parte da organização.

Os pontos são pequenos aparelhos eletrônicos que ficam escondidos nos ouvidos dos usuários. Por meio deles é possível receber transmissões de áudio imperceptíveis para as outras pessoas.

Essa quadrilha enviava alunos e professores com grande experiência para prestar a prova, os chamados “pilotos”. Essas pessoas então passavam as respostas certas para a quadrilha. Os criminosos, então, as repassavam pelo ponto eletrônico para candidatos que ainda estavam prestando as provas.

O grupo atuava em Minas Gerais e se focava principalmente em fraudar o exame para candidatos a alunos de faculdades de medicina.

A outra operação, batizada de Jogo Limpo, identificou ao menos 22 candidatos suspeitos que haviam feito a a prova em 2015 e se preparavam para prestar o Enem em 2016. Eles chamaram a atenção da polícia pela forma como responderam as provas do ano anterior. Os policiais investigaram se eles haviam se associado a uma organização criminosa para fraudar o exame e se poderia ter ocorrido um vazamento antecipado das respostas da prova.

Gambiarra no tênis

Em 2015, cerca de 700 candidatos ao Enem foram eliminados por suspeita de fraude, segundo o Ministério da Educação.

Eles foram desclassificados por usar equipamentos eletrônicos e pelo que a pasta chamou de “ocorrências registradas no detector de metais”.

Um dos casos que mais repercutiu foi o de um homem de 28 anos abordado ao sair do banheiro de um dos locais de prova, andando de forma suspeita. O caso foi em Natal, no Rio Grande do Norte.

Ele teve que passar por um detector de metais. O aparelho apontou a presença de metal em seu corpo e autoridades descobriram que ele usava um fio elétrico ao redor do pescoço. O cabo havia sido escondido sob as roupas e chegava até o tênis do suspeito – onde estava escondido um telefone celular adaptado.

Ao menos três candidatos também foram eliminados por publicar fotos da prova na internet.

Centenas de suspeitos

Em 2014, criminosos também usaram o esquema de transmissão das respostas das provas por meio de pontos eletrônicos. A polícia avaliou na época que dezenas de candidatos podem ter feito parte da fraude.

Os criminosos faziam a transmissão de forma cifrada e os candidatos tinham que traduzir a transmissão e preencher o gabarito da prova.

Em outro esquema, ao menos dois candidatos foram flagrados durante a prova com as respostas do exame gravadas em telefones celulares.

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Quadrilha suspeita de venda de vagas em vestibulares foi presa em Belo Horizonte em 2014
Imagem: Reprodução - 24.nov.2014/TV Globo

Examinador corrompido

Em 2013, a polícia investigou uma fraude em Minas Gerais na qual um examinador teria sido corrompido para repassar um caderno da prova para uma quadrilha logo no início do exame.

Os criminosos teriam então resolvido as questões e enviado as respostas para outros candidatos por ponto eletrônico.

Naquele ano, mais de 1500 candidatos foram desclassificados sob suspeita de tentativa de fraude. Essas tentativas envolviam não só o esquema de Minas Gerais, mas diversas outras modalidades, como colar na prova, usar ponto eletrônico ou desrespeitar o edital do exame.

Tema da redação

Em 2010, a fraude que ganhou mais visibilidade ocorreu quando uma aplicadora da prova viu o tema da redação (trabalho e escravidão) horas antes do Enem e avisou seu filho, que prestaria o concurso. A informação se espalhou rapidamente entre estudantes candidatos.

Cancelamento da prova

Em 2009, o Ministério da Educação cancelou uma prova do Enem às vésperas de sua realização, afetando 4,1 milhões de candidatos em 1,8 mil cidades do país.

Uma cópia da prova havia sido vazada antes da realização do exame e chegou ao conhecimento do jornal "O Estado de S.Paulo".

Cadernos da prova foram furtados durante o processo de produção e manipulação na gráfica.

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