Ministro da Educação diz que Brasil está "no fundo do poço" da desigualdade
O ministro Rossieli Soares da Silva (Educação) disse nesta segunda-feira (6) que a reforma do ensino médio não vai aprofundar as desigualdades já existentes entre as escolas privadas e públicas nem entre as unidades de grandes centros urbanos e de pequenas cidades do país.
"Não existe caminho para o Brasil aumentar a desigualdade [entre as escolas]. Nós temos uma desigualdade que é absurda nesse país", afirmou o ministro. "Eu tenho convicção de que não tem como, porque a gente está no fundo do poço".
A fala do ministro aconteceu durante sua participação no 2º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, em São Paulo.
Sancionada por meio de medida provisória em 2017 pelo presidente Michel Temer (MDB), ao lado do então ministro da Educação Mendonça Filho (DEM), a reforma do ensino médio teve como uma de suas principais críticas o estabelecimento de itinerários formativos.
Os itinerários formativos são diferentes áreas que poderão ser escolhidas pelos alunos para focar em um determinado campo do conhecimento.
Com o currículo flexível, português e matemática permanecem obrigatórios nos três anos do ensino médio. O aluno poderá, então, escolher o assunto específico em que deseja se aprofundar (linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e formação técnica).
Os críticos afirmam que esses itinerários podem ter maior dificuldade de implementação em pequenos municípios.
O novo ensino médio deve passar a valer a partir de 2019 e terá como base a BNCC (Base Nacional Comum Curricular). O documento relativo à etapa do ensino médio, no entanto, ainda está em discussão.
"Dos 20% mais pobres, apenas 30% dos jovens terminam este ensino médio [em vigor atualmente]. Dos 20% mais ricos, apenas 80% dos jovens terminam este ensino médio", pontuou o ministro.
"Quando a gente olha o conjunto de indicadores, a educação brasileira, especialmente na etapa do ensino médio, ou ela busca a mudança, ou não vai [avançar]".
Silva afirmou, no entanto, que o MEC está discutindo com o CNE (Conselho Nacional de Educação) e com a sociedade propostas para "minimizar ou evitar eventual desigualdade nos itinerários".
"Tratar todo mundo igual não tem dado certo. Ter todos os mesmos formatos em todo o Brasil não tem dado certo. Isso tem sido uma demanda histórica", disse.
Silva afirmou ainda que, na discussão da BNCC do ensino médio, há também uma discussão no sentido de ter competências e habilidades que permitam "muito mais equilíbrio e equidade ao longo do país".
"Não dá para a gente dizer que manter o que a gente tem está trazendo equidade e sucesso para o Brasil. Não está".
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