Deficiente visual sai do desemprego para empreender com ajuda de curso EAD
O estudo a distância foi a chave para que a curitibana Gisele Zolnier Chaves, 38, desse uma guinada. Jornalista de formação e deficiente visual desde os 11, ela se viu desempregada no ano passado. Cansada dos processos de recolocação profissional, decidiu empreender. Mas faltava conhecimento de gestão. Foi quando buscou qualificação online. "O EAD (Ensino a Distância) foi a melhor solução para mim, e acredito que ajuda muito as pessoas com dificuldade de mobilidade a estudar", explica Gisele
Gisele trabalhava no setor administrativo da Companhia Municipal de Transportes Coletivo da Prefeitura de Araucária, no Paraná. Ela e seus colegas de trabalho foram pegos de surpresa com o fim da empresa municipal. "A companhia foi extinta e os funcionários foram todos demitidos", declara.
Ao se ver desempregada, quis buscar um caminho diferente para evitar o preconceito. "Você pode ter um currículo maravilhoso, mas, se tem uma deficiência severa, infelizmente, as empresas vão te discriminar e optar por outro profissional. Não quis mais passar por isso, e decidi abrir meu próprio negócio", afirma.
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Junto com uma amiga, Kelly Mascarenhas, ela decidiu montar uma loja virtual para vender peças personalizadas para decoração, cama, mesa, banho e uso pessoal. "Nossa ideia de criar um e-commerce foi por causa da mobilidade e pelo baixo investimento." Kelly fica responsável pela criação dos produtos e Gisele, pela gestão.
Para entender melhor sobre a administração de um negócio, ela buscou se qualificar, e, em poucos meses, concluiu dois cursos a distância no Senac: Gestão de E-Commerce e Contabilidade para Não Contadores. Antes de se matricular, fez questão de saber se o ensino era acessível. "Percebi que todas as disciplinas me permitiam ter acesso via áudio, o que facilitou bastante meu entendimento e aprendizado."
Ambos os cursos ajudaram Gisele a fazer um bom planejamento da empresa. "O de e-commerce me deu uma visão ampla e detalhada de aspectos sobre o meu negócio. As apostilas serão meu material de apoio durante muito tempo. O de contabilidade me trouxe um conhecimento geral para acompanhar todos os trâmites da empresa. Por causa dele, hoje eu sei avaliar o trabalho do nosso contador, por exemplo", afirma
Para ela, o EAD representa uma evolução para quem precisa de acessibilidade no aprendizado. Quando estudou em escolas regulares, precisou de reforço em instituições para alunos com deficiência. "Na época, não existiam muitos recursos para atender as pessoas com necessidades especiais. Até o ensino médio, o material era feito basicamente em braile. Não é como hoje que há recursos de voz."
Já a faculdade de jornalismo onde estudou, a Pontíficia Universidade Católica (PUC), dispunha de uma equipe de apoio para deficientes visuais. "Eles escaneavam todo o material das disciplinas e colocavam no computador da faculdade para eu ter acesso. Nele, havia um software que fazia a leitura dos textos para mim. Hoje várias faculdades oferecem esses recursos."
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