Insatisfeita após reunião com Weintraub, UNE quer mobilizar 80 cidades
Wellington Ramalhoso
Do UOL, em São Paulo
08/08/2019 12h50
Dirigentes da UNE (União Nacional dos Estudantes) recebidos ontem em Brasília pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmam ter saído do encontro sem respostas concretas. O presidente da entidade, Iago Montalvão, aposta nos atos marcados para a próxima terça-feira (13) para fortalecer a cobrança pelo fim dos cortes dos orçamentos das universidades federais.
"O ministro não deu respostas claras, disse que pode ser que descontingenciem [as verbas] esse ano, mas não pode se comprometer. O que vai fazer com que as bolsas e os recursos sejam devolvidos para as universidades é continuar a mobilização nas ruas. O dia 13 de agosto é muito central para nós a partir de agora", diz o líder estudantil.
De acordo com ele, os estudantes universitários têm protestos marcados em mais de 80 cidades do país na terça, o que inclui todas as unidades da federação.
Para Montalvão, o encontro com Weintraub representou uma abertura, embora tenha sido "pouco produtivo". "Foi importante abrir esse canal de diálogo. Foi um reconhecimento da nossa luta, das mobilizações estudantis, das intervenções que a gente fez exigindo que os estudantes fossem ouvidos"
Ministro nega ter curtido imagem violenta na web
Os quatro representantes da UNE presentes ao encontro comentaram com o ministro o fato de ele ter curtido recentemente no Twitter uma imagem de tacos de baseball cobertos de arame farpado com a frase "Pedindo à UNE voltar ao MEC com badernas, que há DOCINHOS para eles!!!".
"Cobramos bastante o comportamento que ele teve em outros espaços. Ele falou que não é da praia dele [curtir post com insinuação de violência] e que alguém curtiu por engano. Cobramos respeito com a UNE. Acreditamos que a gente conquistou esse respeito, mas não sabemos o que vai ser daqui em diante. Não se apresentou nada de concreto", afirma Montalvão.
A UNE também pediu o fim de cortes no Prouni e levou ao ministro uma carta com mais de 2.000 assinaturas, incluindo as de 200 entidades, contra o programa Future-se, apresentado pelo MEC. Para Montalvão, o governo falhou ao não consultar reitores, professores e estudantes na elaboração da proposta do Future-se. Ele avalia que não está claro que papel o projeto daria às organizações sociais na gestão das universidades.
O presidente da UNE afirma que a autonomia universitária seria atacada caso elas passassem a gerir o ensino, a pesquisa e a extensão. "Isso tem a ver com contratação de professores, com destinação das verbas de pesquisas e o gerenciamento das atividades-fim da universidade. E não nos deram uma explicação mais clara. Parece que é uma coisa que não querem falar muito".