Congresso reage a Bolsonaro e faz homenagens a educador Paulo Freire
Guilherme Mazieiro e Hanrrikson de Andrade
Do UOL, em Brasília
17/12/2019 16h30
No dia seguinte às declarações ofensivas de Jair Bolsonaro (sem partido) ao pensador brasileiro Paulo Freire, Câmara e Senado decidiram homenagear o educador. O presidente da República chamou Freire de "energúmeno" e "ídolo" da esquerda.
Na sessão de hoje, o Senado aprovou um requerimento e marcou uma sessão em homenagem ao patrono da educação brasileira para 4 de maio do ano que vem. Já a Câmara aprovou uma moção de aplausos a Freire.
O requerimento do Senado foi feito pelo líder do PDT na Casa, Weverton (MA), e aprovado em plenário de forma simbólica.
"Energúmeno é um presidente misógino, preconceituoso, sexista, homofóbico, racista, que passa uma reforma da Previdência para aumentar a desigualdade, que só beneficia banqueiros, empresários e a União e que só tem como objetivo tirar direito dos mais pobres. Energúmeno é um presidente que não age como um verdadeiro estadista; que não sabe respeitar as instituições", declarou o senador Fabiano Contarado (Rede-ES).
Câmara
Já a Câmara dos Deputados aprovou moção de aplauso a Freire por iniciativa do líder do PSOL na Casa, Ivan Valente (SP).
No pleito, o parlamentar destaca que o educador é o brasileiro mais homenageado da história, tendo recebido 29 títulos de doutor honoris causa de universidades americanas e europeias, além de premiações internacionais.
"É fácil compreender por que Paulo Freire é estudado, amado e admirado mundo afora, passados mais de 20 anos de seu desaparecimento físico: sua prática educadora fundada na troca, no diálogo, acolhedora de todas as singularidades, é um antídoto contra paixões totalitárias."
No momento em que o requerimento foi colocado para votação em plenário, alguns deputados alinhados à direita, críticos de Freire e de seu legado, manifestaram repúdio. Houve reação dos congressistas de esquerda, mas a tensão se encerrou logo após a aprovação.