Com troca de empresa, merendeiras assinarão aviso prévio antes do salário
Merendeiras das escolas municipais de São Paulo terão que assinar aviso prévio amanhã (9), mesmo sem receber o salário e a primeira parcela do 13º —que estão atrasados. Segundo funcionárias ouvidas pelo UOL, o grupo foi orientado a comparecer nas escolas nesta quinta.
Ontem, a Prefeitura de São Paulo encerrou o contrato com a Singular Gestão de Serviços, responsável pela merenda em cerca de 260 escolas municipais nas zonas sul e leste da capital. Além de contratar as cozinheiras, a terceirizada também era responsável pela distribuição de alimentos. A reportagem entrou em contato com a empresa, mas não obteve retorno.
Ontem (7), a Singular alegou que a administração municipal "deve à empresa mais de três meses de faturamento, perfazendo mais de 10 milhões de reais de fatura em aberto".
Já a gestão de Ricardo Nunes (MDB) garantiu, em nota, também na terça-feira, que "todas as escolas estão sendo abastecidas com alimentos necessários na composição da merenda para que nada falte aos alunos".
Procurada pelo UOL novamente hoje (8), a prefeitura não respondeu. O espaço fica aberto para atualizações.
As merendeiras disseram que não existe uma previsão de pagamento do salário e do 13º atrasados, nem sabem se devem ser recontratadas pelas novas prestadoras de serviço. Elas ainda não decidiram se vão assinar os documentos de desligamento da Singular amanhã.
Já o sindicato responsável pela categoria —que tem entrado em conflito com algumas merendeiras— informou que duas empresas farão a recontratação. "A SHR ficará com os lotes de São Miguel [na zona leste] e a PRN ficará no Ipiranga", disse Edson Fernandes, diretor de relações trabalhistas do sindicato.
Em novembro, as merendeiras tiveram que interromper o trabalho, pois estavam com dois meses de salários atrasados. Os pagamentos foram realizados somente após o caso se tornar público.
Até a tarde de hoje, o único valor depositado na conta das funcionários foi referente ao vale-transporte, R$ 70. Elas também deveriam receber um vale-alimentação de quase R$ 150, que está atrasado. O salário fica em torno de R$ 1.400.
Algumas unidades de ensino registraram até mesmo falta de alimento nas últimas semanas —pais, professores e as próprias merendeiras levaram produtos ou fizeram vaquinha para abastecer as cozinhas.
Hoje, ao menos dez escolas municipais suspenderam as aulas presenciais, porque as merendeiras não foram trabalhar devido à falta de dinheiro. Houve manifestações em frente do CEU Heliópolis, na zona sul, e da Secretaria Municipal de Educação, no centro.
Reunião amanhã
Segundo Fernandes, o sindicato articula uma reunião com a secretaria para resolver o pagamento dos valores atrasados.
"Ao todo, são 660 trabalhadoras nessa situação e vamos defender que a prefeitura repasse o dinheiro para elas, não para as empresas", pontuou o diretor de relações trabalhistas.
Até por volta das 17h30, a prefeitura ainda não havia informado o horário da reunião para Fernandes. Ele também alegou que o sindicato não participou do ato no CEU Heliopólis, porque o protesto "tinha políticos envolvidos".
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