Redação do vestibular da Unesp tem tema sofisticado, avaliam professores
Giorgia Cavicchioli
Colaboração para o UOL, em São Paulo
19/12/2021 22h41
A redação proposta este ano para a segunda fase do vestibular da Unesp (Universidade Estadual Paulista) foi vista pelos professores entrevistados pelo UOL como bastante profunda e sobre um tema sofisticado: "A tristeza em tempos de felicidade compulsória". Isso exigiria um bom repertório do aluno para que ele pudesse fazer uma redação à altura do tema.
De acordo com Maria Aparecida Custódio, professora do Curso e Colégio Objetivo, a prova de redação teve um tema bastante atual que vem sendo discutido por especialistas há algum tempo. Segundo ela, as redes sociais fizeram com que as pessoas tivessem a felicidade como algo compulsório.
"A tristeza parece que saiu de moda. Hoje as pessoas estão recorrendo a medicamentos como nunca antes. Bastante oportuno esse tema porque traduz o sentimento contemporâneo. É inconveniente ficar triste. E o candidato teve a oportunidade de se posicionar em relação a isso. Porque não se pode sofrer? O sofrimento não faz parte do amadurecimento?", disse.
Segundo a professora Vanessa Bottasso, do Curso Pré-Vestibular da Oficina do Estudante de Campinas (SP) a prova de redação apresentou um tema extremamente relevante, solicitando ao candidato que dissertasse em torno de uma frase que ficou associada à atleta Naomi Osaka, reformulada em forma de questionamento: "Tudo bem não estar bem?". Essa frase-tema segue o padrão das últimas provas Unesp e se consolida como o 4º ano consecutivo em que se propõe questões atuais que despertem uma reflexão filosófica.
Linguagens e Literatura
Segundo Fabio Blanc, professor de Gramática do Curso Pré-Vestibular da Oficina do Estudante de Campinas (SP), esta segunda fase da Unesp manteve-se fiel à forma e ao conteúdo das provas anteriores.
"Leitura e interpretação de textos de diversos gêneros, perguntas sobre figuras de linguagem e transposição de discurso direto para o indireto. No geral, a prova estava num nível médio para fácil", disse.
Já em literatura, o professor Milton Costa, do Curso Pré-Vestibular da Oficina do Estudante de Campinas (SP), a prova foi de nível médio, bastante semelhante à anterior, equilibrada nas exigências em relação à Literatura, Gramática e Interpretação de textos.
"Na prova de Linguagens, não houve nada relacionado à pandemia, mas sim à indiferença da sociedade em relação a mortos numa tragédia como ela, sobretudo no cenário brasileiro. A prova de Redação manteve a excelência e a verve dos últimos três exames: tema abrangente, universal, polêmico e focado no comportamento humano. Ótima coletânea: provocadora e informativa, na medida para candidatos bem-informados. Uma prova dentro das expectativas, sem nenhuma surpresa", afirmou.