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Aliança similar à Otan, OTSC surgiu após Guerra Fria e tem apenas 6 países

19.fev.2022 - Soldados da Rússia e de Belarus, integrantes da OTSC, durante exercício conjunto perto da cidade bielorrussa de Brest - Divulgação/Ministério da Defesa da Rússia/AFP
19.fev.2022 - Soldados da Rússia e de Belarus, integrantes da OTSC, durante exercício conjunto perto da cidade bielorrussa de Brest Imagem: Divulgação/Ministério da Defesa da Rússia/AFP

Juliana Arreguy

Do UOL, em São Paulo

08/03/2022 04h00

Cinco vezes menor do que a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em número de países membros, a OTSC (Organização do Tratado de Segurança Coletiva) é a aliança militar comandada pela Rússia e criada para suprir a ausência de uma proteção mútua no leste europeu após o fim do Pacto de Varsóvia.

Ela foi criada em 1992, no ano seguinte à dissolução da União Soviética, com o intuito de reforçar a segurança da região e, de forma semelhante à Otan, responder às ameaças aos países membros de maneira unificada.

A OTSC é atualmente composta por seis países membros: Armênia, Belarus, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia e Tajiquistão.

Já a Otan conta com 30 membros, incluindo sete ex-signatários do Pacto de Varsóvia (Albânia, Bulgária, República Tcheca, Eslováquia, Hungria, Polônia e Romênia) e três ex-repúblicas soviéticas (Estônia, Letônia e Lituânia).

Embora não seja integrante da OTSC, a Sérvia participa das assembleias do bloco oriental como estado observador. O Afeganistão também já foi um dos países observadores, mas teve sua participação vetada após o retorno do Taleban ao poder, em agosto do ano passado.

Azerbaijão, Geórgia e Uzbequistão foram integrantes da OTSC, mas não integram mais a aliança.

  • Veja essa e mais notícias no UOL News com Fabíola Cidral:

A aliança

Em termos de expansão, a OTSC assumiu uma posição mais tímida do que o Pacto de Varsóvia, criado em 1955 para fazer frente à Otan. Liderada pelos EUA, a Otan surgiu em 1949 com o intuito de frear o avanço da influência da União Soviética na Europa durante a Guerra Fria.

Com o fim da Guerra Fria, o Pacto de Varsóvia foi encerrado. A Otan, por outro lado, continuou expandindo suas forças: até hoje, os EUA têm cerca de 100 armas nucleares distribuídas entre bases militares europeias. O presidente russo, Vladimir Putin, argumenta que a atuação da Otan é um risco e utiliza isso para justificar os ataques à Ucrânia.

Mapa Otan - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Uma das ações recentes da OTSC foi o envio de tropas russas ao Cazaquistão, em janeiro deste ano, para conter manifestações internas contra o governo cazaque. As forças foram enviadas a pedido do presidente Kassym-Jomart Tokayev.

Outra característica do bloco é a realização anual de exercícios militares conjuntos. Em fevereiro, as forças se concentraram em Belarus, na fronteira com a Ucrânia, pouco antes de Putin anunciar a invasão.

"Isso permitiu que as tropas russas entrassem no território de Belarus sem grandes alardes e com essa história de cobertura, de que era para exercícios militares", observa o cientista político Augusto Teixeira, professor de Relações Internacionais da UFPB (Universidade Federal da Paraíba).

Não à toa, logo no início da invasão tem um eixo de avanço que parte de Belarus em direção a Kiev."
Augusto Teixeira, professor da UFPB

Belarus desempenha um papel importante nos conflitos, mediando negociações de paz entre Rússia e Ucrânia e, ao mesmo tempo, sendo acusado de servir de base para tropas russas.

O presidente Aleksandr Lukashenko é aliado de Putin e já foi apontado como subserviente aos interesses do Kremlin. Recentemente, ele aprovou um referendo para retomar a posse de armas nucleares — das quais o país abriu mão desde a década de 1990, quando tornou-se independente da União Soviética.

Segundo reportagem da BBC, até o momento Belarus é o aliado mais ativo da OTSC no conflito com a Ucrânia. Autoridades do Cazaquistão, do Quirguistão e do Tadjiquistão recusaram pedidos russos para envio de tropas à Ucrânia.