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Ministro diz que criará grupo de trabalho para 'corrigir' novo ensino médio

Ministro da Educação diz que não houve diálogo sobre a reforma do ensino médio - Divulgação/MEC
Ministro da Educação diz que não houve diálogo sobre a reforma do ensino médio Imagem: Divulgação/MEC

Do UOL, em São Paulo

06/03/2023 19h15Atualizada em 06/03/2023 19h15

Um grupo com representantes de diferentes setores da educação será formado pelo MEC para "corrigir" problemas da reforma do ensino médio. Desde o início do governo Lula, entidades e professores têm pedido pela revogação do modelo.

Já foi criado o grupo de trabalho, que será oficializado, terá representantes dos alunos, representantes dos secretários de todos os estados brasileiros, e para que a gente possa corrigir e pode fazer um novo desenho, corrigir, fazer o debate que eu acho que foi um grande erro passado."
Camilo Santana, ministro da Educação

Camilo falou sobre o assunto na sexta-feira (3), em agenda em Pernambuco. Para ele, o "grande erro" da reforma foi a "falta do diálogo". Por isso, diz o ministro, o MEC criará o grupo de trabalho para discutir, fazer escutas e pesquisas sobre o tema.

"O que está em voga ainda fica valendo. Mas queremos fazer isso [discutir a reforma] rapidamente, ainda neste semestre", afirmou.

A reforma do ensino médio foi aprovada em 2017 durante o governo Temer (MDB). A ampliação da carga horária e a possibilidade de parte das disciplinas ser escolhida pelos alunos fazem parte das mudanças.

O objetivo da mudança era tornar a etapa mais atrativa —devido aos altos índices de evasão. Críticos da reforma, no entanto, afirmam que o modelo traz desigualdade, já que nem todas as escolas conseguem ofertar uma diversidade de itinerários.

Professores, entidades e especialistas afirmam também que a reforma reduz o espaço de disciplinas como Filosofia e Sociologia na grade curricular dos alunos.

Reportagem do UOL apresentou relatos de professores sobre as mudanças. Uma professora de história, por exemplo, preferiu abandonar as aulas do ensino médio e trabalhar com turmas do ensino fundamental.

Apesar do governo Lula (PT) não sinalizar que vai revogar o modelo, mais de 300 entidades assinaram uma carta pedindo o fim da reforma. "A reforma está a serviço de um projeto autoritário de desmonte do Direito à Educação como preconizado na Constituição de 1988", diz trecho do documento.

Katia Smole, diretora do Instituto Reúna e ex-secretária de Educação Básica do MEC durante o governo Temer, afirmou que o movimento pela revogação é "revanchista". "Todas as diretrizes educacionais para o Ensino Médio adotadas desde o governo FHC, passando pelos governos Lula e Dilma, foram incorporadas por esse texto final [da reforma]".