Ministro diz que criará grupo de trabalho para 'corrigir' novo ensino médio
Um grupo com representantes de diferentes setores da educação será formado pelo MEC para "corrigir" problemas da reforma do ensino médio. Desde o início do governo Lula, entidades e professores têm pedido pela revogação do modelo.
Já foi criado o grupo de trabalho, que será oficializado, terá representantes dos alunos, representantes dos secretários de todos os estados brasileiros, e para que a gente possa corrigir e pode fazer um novo desenho, corrigir, fazer o debate que eu acho que foi um grande erro passado."
Camilo Santana, ministro da Educação
Camilo falou sobre o assunto na sexta-feira (3), em agenda em Pernambuco. Para ele, o "grande erro" da reforma foi a "falta do diálogo". Por isso, diz o ministro, o MEC criará o grupo de trabalho para discutir, fazer escutas e pesquisas sobre o tema.
"O que está em voga ainda fica valendo. Mas queremos fazer isso [discutir a reforma] rapidamente, ainda neste semestre", afirmou.
A reforma do ensino médio foi aprovada em 2017 durante o governo Temer (MDB). A ampliação da carga horária e a possibilidade de parte das disciplinas ser escolhida pelos alunos fazem parte das mudanças.
O objetivo da mudança era tornar a etapa mais atrativa —devido aos altos índices de evasão. Críticos da reforma, no entanto, afirmam que o modelo traz desigualdade, já que nem todas as escolas conseguem ofertar uma diversidade de itinerários.
Professores, entidades e especialistas afirmam também que a reforma reduz o espaço de disciplinas como Filosofia e Sociologia na grade curricular dos alunos.
Reportagem do UOL apresentou relatos de professores sobre as mudanças. Uma professora de história, por exemplo, preferiu abandonar as aulas do ensino médio e trabalhar com turmas do ensino fundamental.
Apesar do governo Lula (PT) não sinalizar que vai revogar o modelo, mais de 300 entidades assinaram uma carta pedindo o fim da reforma. "A reforma está a serviço de um projeto autoritário de desmonte do Direito à Educação como preconizado na Constituição de 1988", diz trecho do documento.
Katia Smole, diretora do Instituto Reúna e ex-secretária de Educação Básica do MEC durante o governo Temer, afirmou que o movimento pela revogação é "revanchista". "Todas as diretrizes educacionais para o Ensino Médio adotadas desde o governo FHC, passando pelos governos Lula e Dilma, foram incorporadas por esse texto final [da reforma]".
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