Terror dos primos? Estes irmãos passaram em medicina em faculdades públicas

Carolina, Matheus, Gabriela e Esther têm mais em comum do que apenas serem irmãos: a medicina. Todos foram aprovados para a carreira médica em uma universidade pública.

Carolina Kim, 30, se formou na Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Matheus Kim, 26, está no quarto ano na Faculdade de Medicina da USP. Gabriela Kim, 26, está no quinto ano da Unesp (Universidade Estadual Paulista). E Esther Kim, 24, está no sexto ano na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

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Foi Carolina quem abriu os caminhos. Ela fez três anos de cursinho e teve a certeza de qual carreira queria seguir apenas no último deles. "Houve influência dos meus pais para escolher medicina como uma carreira estável, no começo", afirma ao UOL. Hoje, já formada, ela tem certeza de que marcou a opção certa no vestibular.

Já Matheus e Gabriela, que são gêmeos, se prepararam ao longo de quatro anos de cursinho.

Matheus sonhava com engenharia, pela facilidade que tinha com exatas. Mas a aprovação na Politécnica, também da USP, no final do primeiro ano de cursinho, não o convenceu. "Decidi não me matricular. Depois, segui estudando por mais três anos. No último, em 2021, fui aprovado em medicina na USP Pinheiros", lembra ele.

Gabriela sonhava com a medicina quando criança, mas o desejo foi se perdendo com o passar dos anos escolares e retomado no fim do ensino médio. "Foi quando a Carol conquistou a vaga na Unifesp", lembra ela.

Foi inspirador ter alguém por perto, que dividia o quarto comigo, mostrando que esse sonho era possível, com muita dedicação. Gabriela Kim

Esther, a mais nova entre os quatro, conseguiu ser aprovada na Unicamp após um ano de cursinho. Ela nunca sonhou com um curso específico, só tinha certeza do que não queria.

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"Ver minha irmã mais velha foi o que mais me impulsionou. Hoje eu tenho a plena convicção de que é medicina que eu gosto."

Rotina de estudos

Os quatro tiveram métodos muito próprios para estudar para o vestibular.

Foi uma rotina bem exaustiva. Chegava no cursinho às 7h e ia embora às 21h30. No sábado, tinha aula até as 13h e ficava até 17h estudando. Tinha muito simulado nos finais de semana.
Carolina Kim

Para Carolina, isso a tranquilizava: a prova oficial parecia apenas mais um simulado. "Não tem muito segredo. Precisa estudar, de forma inteligente, e conhecer a prova. Aprender com os erros", diz a primogênita.

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Já Matheus era regrado com horários: começava a estudar às 8h e assistia às aulas até meio-dia. Depois, dedicava cerca de meia hora para leitura dos livros obrigatórios. Retomava os estudos às 13h30 e ia até 19h. Jantava, descansava e retomava até as 22h.

"No fim das contas, não existe fórmula mágica: o que funcionou para mim foi disciplina e constância —basicamente, 'bunda na cadeira e livro na cara'", diz ele. Já Gabriela vê mudanças muito claras entre seus quatro anos de cursinho.

"No primeiro, você entra muito crua. Foi um ano de aprendizados que não adquiri ao longo do ensino médio. Já no segundo e no terceiro, me dediquei muito em fazer questões e revisar matérias que tinha dificuldade ou que tinham mais prevalência nos vestibulares. No último, deixei de assistir a algumas aulas priorizando meu tempo com muitas questões, simulados e provas antigas", conta ela.

Esther fazia cursinho de segunda a sábado. Quando tinha simulado, era domingo também. "Foi um processo muito duro passar tanto tempo estudando, sem ter tanto tempo para outras coisas", conta. Mas ela acredita que não seguia uma "receita do bolo" na sua rotina.

Briga de faculdades?

Eles reconhecem que as quatro universidades públicas para os quais foram aprovados são excelentes. Mas cada um defende com unhas e dentes as respectivas instituições onde estudam.

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"A Escola Paulista de Medicina é uma família. Sempre que encontramos algum colega de faculdade, não importa o ano em que se formou, tratamos como família", afirma Carolina. "Ela é a minha casa e tenho enorme gratidão."

Matheus ressalta a infraestrutura da USP e a gama de possibilidade acadêmicas e profissionais que a universidade traz. "O grande diferencial da FMUSP é justamente esse: as portas que ela abre para os alunos", diz. "Contamos com o melhor hospital-escola do país, além de um corpo docente extremamente qualificado."

Para Gabriela, o diferencial da Unesp Botucatu é o internato, que começa a partir do quarto ano. Em outros lugares, é apenas no quinto. "O contato com a prática é exercido antes no nosso hospital-escola. Isso possibilita uma ótima formação médica com a teoria e prática bem consolidada."

Já segundo Esther, as vantagens da Unicamp ultrapassam as salas.

O mais legal é poder viver na Cidade Universitária. Nos tornamos uma grande família, até porque quase todo mundo mora longe dos familiares.
Esther Kim

Além disso, ela destaca estágios focados no cuidado humano —como na penitenciária feminina, com população em vulnerabilidade.

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Família é apoio

Os irmãos decidiram criar um perfil nas redes sociais de forma despretensiosa, para dividir com os seguidores a rotina de cada um como estudante de medicina. De longe, o comentário que eles mais recebem é: "imagina a cobrança de ser primo deles?"

Mas eles afirmam que não têm esse problema em casa: não existe competição. "Na cultura coreana, os pais são mais exigentes. Conseguimos levar isso de forma positiva", afirma Carol.

Nós somos próximos dos nossos primos, e cada um seguiu o próprio sonho. Cada um foi dando dicas para essa fase de vestibular, então nos ajudamos bastante.
Carolina Kim

Entre eles, falar de medicina é inevitável, assim como entre os colegas da faculdade.

"Mas nem sempre é sobre aulas ou conteúdo. Acabamos compartilhando nossas experiências e vivências, coisas engraçadas que acontecem e até mesmo algumas fofocas", explica Gabriela.

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Eles ainda têm uma irmã mais nova, a Rachael, que tem 14 anos e está no ensino médio. E, adivinhe: ela também quer estudar medicina.

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