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Santo Antônio: Veja origem, história e milagres do 'Santo Casamenteiro'

Santo António com o Menino, tela de Joaquim Manuel da Rocha - Reprodução - Museu do Santo António de Lisboa
Santo António com o Menino, tela de Joaquim Manuel da Rocha Imagem: Reprodução - Museu do Santo António de Lisboa

Do UOL*, em São Paulo

13/06/2023 05h05

Santo Antônio, conhecido como Santo Casamenteiro, é amplamente popular em Portugal e no Brasil, cercado por simpatias, folclore e tradições populares. Ele faleceu em 13 de junho de 1231, tornando-se o dia em que é homenageado.

Nas igrejas católicas, ele inspira as trezenas, que consistem em treze noites de orações realizadas por inúmeros devotos, do dia 1º ao dia 13 de junho.

Para a historiografia, Santo Antônio foi uma figura notável de seu tempo. Como frade, ele viajou por grande parte da Europa do século 13 e ajudou a consolidar o papel dos franciscanos.

Mas qual é a relação desse santo com o casamento e qual é a origem da festa junina em sua homenagem?

O documento que serviu para justificar a canonização do santo reuniu 53 milagres atribuídos à sua intercessão, porém nenhum deles estava relacionado a casamentos. A maioria dos milagres dizia respeito a problemas de saúde, desde paralisias até curas de surdez, incluindo a fantástica história de uma menina que teria morrido afogada e voltado à vida.

Hagiografias, que são biografias de santos ou beatos, apresentam duas histórias que justificam a fama de Santo Antônio como casamenteiro. A primeira diz que, durante sua vida, ele foi um forte opositor dos casamentos arranjados por interesse entre famílias, lutando contra a mercantilização do sacramento do matrimônio. Ele defendia que os casais deveriam se unir por amor.

A segunda história, com traços de lenda, relata que Antônio teria desviado doações destinadas à igreja para ajudar uma jovem a conseguir o dinheiro necessário para o dote de seu casamento.

Outra versão relacionada a uma jovem pobre que desejava se casar afirma que "um dos primeiros milagres atribuídos a ele foi a história de uma jovem sem dinheiro para casar. Ela rezou para Santo Antônio, e uma estátua dele teria dado a ela um bilhete no qual estava escrito para levar o recado a um comerciante da cidade, que lhe daria, em moedas de prata, o peso do papel", conta Leandro Faria de Souza, doutor em ciência da religião pela PUC-SP.

Quanto à festa junina, segundo historiadores, a tradição surgiu na Europa durante o século 14 e foi trazida para o Brasil pelos portugueses, sendo adaptada com elementos da cultura negra e indígena. Esses elementos incluem o boi-bumbá, o uso da mandioca na culinária típica e algumas danças.

A tradição das fogueiras também foi trazida da Europa e representa a celebração do nascimento de João, filho de Isabel, prima de Maria. Os fogos de artifício simbolizam, para alguns, o despertar de João, enquanto em Portugal, o uso de bombas e rojões serve para afastar os maus espíritos.

A festa em homenagem a Santo Antônio ocorre no dia 13 de junho, seguida pela festa de São João em 24 de junho, dia de seu nascimento. Além das celebrações católicas, as festas juninas são marcadas por fogueiras, fogos de artifício, música de forró e a oferta de comidas e bebidas típicas, como bolos, doces, licores, milho cozido e assado na fogueira, canjica e quentão.

São Pedro é homenageado por último, no dia 29 de junho, supostamente o dia de seu falecimento. As celebrações dos três santos são particularmente populares no interior dos estados do Nordeste brasileiro.

Outras curiosidades sobre Santo Antônio incluem sua disputa entre duas cidades de países diferentes: Lisboa, em Portugal, e Pádua, na Itália. Ele é conhecido como Santo Antônio de Lisboa e Santo Antônio de Pádua. A tradição católica afirma que ele nasceu em 15 de agosto de 1195 como Fernando de Bulhões, mas há relatos de que ele possa ter nascido um pouco antes, em 1188.

Ele pertencia a uma família abastada, mas renunciou à riqueza e mudou de nome ao ingressar na Ordem dos Cônegos Regrantes de Santo Agostinho. Após sua passagem por Portugal, ele partiu para Marrocos, onde realizou trabalho missionário, mas sua saúde não se adaptou ao clima africano. Ele retornou à Europa quando adoeceu, estabelecendo-se na Itália. Lá, ele demonstrou grande talento para a oratória, e seus sermões impressionaram tanto os intelectuais quanto as pessoas comuns.

Santo Antônio possui o recorde de canonização mais rápida na história da Igreja Católica, apenas 11 meses após sua morte. Embora existam relatos de que ele tenha realizado milagres ainda em vida, o motivo de sua canonização rápida foi a sua fama de santidade. Ele foi reconhecido como um dos grandes teólogos da história da Igreja Católica e recebeu o título de doutor da Igreja em 1946, pelo Papa Pio XII.

(*) Com informações de conteúdo publicado em 13/06/2022.