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MEC notifica Unisa após alunos de medicina ficarem nus em jogo em SP

O ministro da Educação, Camilo Santana, determinou que o MEC (Ministério da Educação) notifique a Unisa (Universidade Santo Amaro) para apurar as providências tomadas contra alunos de medicina da instituição que exibiram as partes íntimas durante uma partida de vôlei feminino.

O que aconteceu:

A notificação será realizada pela Seres (Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior) do MEC. As cenas repercutiram nas redes sociais no último final de semana, mas teriam ocorrido durante uma competição esportiva entre universidades, no mês de maio.

A secretaria vai apurar quais as providências tomadas pela Unisa em relação ao episódio de nudez dos estudantes.

No final da noite desta segunda-feira, a Unisa (Universidade Santo Amaro) anunciou que expulsou os alunos de medicina "identificados até o momento", mas não divulgou quantos foram alvos da medida.

Repudio veementemente o ocorrido. É inadmissível que futuros médicos ajam com tamanho desrespeito às mulheres e à civilidade.
Camilo Santana, ministro da Educação

Entenda o caso

Em um dos vídeos, é possível ver cerca de 20 alunos da Unisa com as calças abaixadas e exibindo os órgãos sexuais masculinos, alguns deles cobertos pelas mãos, durante um jogo de vôlei feminino. Eles estavam na arquibancada acompanhando o evento.

Um outro vídeo deste mesmo grupo mostra o momento em que eles correm pelados pela quadra.

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Após repercussão dos vídeos, a Polícia Civil de São Paulo determinou o registro de um boletim de ocorrência para a investigação do caso, incluindo a identificação dos suspeitos, informou a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo). A corporação enviará requisições às universidades envolvidas e à Secretaria de Esportes da Prefeitura de São Carlos.

'Não houve masturbação'

A reportagem ouviu alunos presentes na partida polêmica. Eles alegaram, sob condição de anonimato, que os homens não se masturbaram, como foi relatado em alguns posts das redes sociais.

Segundo os alunos, os homens estavam tapando os respectivos órgãos com as mãos e não teria ocorrido a masturbação coletiva.

Posição da Atlética da Medicina de Santo Amaro

Hoje, após a circulação do vídeo, a Atlética da Medicina de Santo Amaro (Associação Atlética Acadêmica José Douglas Dallora) emitiu um posicionamento oficial. Em contato com a reportagem, a Atlética destacou que vai ter uma reunião com a Unisa para abordar o assunto e afirmou que, após o ocorrido, expulsará de seu quadro os integrantes que repitam o ato.

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O grupo ainda destaca que, na ocasião em que os episódios ocorreram, não houve nenhuma repercussão do caso, nem reclamações ou punições aos envolvidos.

"A Associação Atlética Acadêmica José Douglas Dallora (A.A.A.J.D.D.) vem, por meio desta, manifestar-se oficialmente sobre o episódio que tem circulado nas redes sociais, com apontamento para a Intermed (realizada entre os dias 2 a 9 de setembro de 2023).

As filmagens circuladas pela mídia não são contemporâneas e não representam os princípios e valores pregados pela A.A.A.J.D.D.

Não toleramos ou compactuamos com qualquer ato de abuso ou discriminatório. Assim, atletas, torcedores, equipe técnica e todos os envolvidos em nossas competições e eventos são, por nós, incentivados sempre a terem comportamentos pautados em princípios éticos e sociais em que prevaleçam o respeito, a inclusão e igualdade.

Reiteramos o compromisso exclusivo com o esporte e seu incentivo dentro do ambiente acadêmico, por acreditar que o mesmo é fundamental para a saúde e o desenvolvimento do atleta."

Posição do Centro Acadêmico Rubens Monteiro de Arruda

Em uma postagem no Instagram, o Centro Acadêmico Rubens Monteiro de Arruda, da mesma faculdade, também lamentou o ocorrido.

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"Repudiamos as atitudes demonstradas nos vídeos que estão circulando nas mídias sociais. Tais feitos são um retrocesso para a nossa universidade e, portanto, não representam a nossa querida casa", diz a postagem.

Cultura de abusos em trotes no curso de medicina da Unisa

Existe uma cultura de abusos em trotes da Unisa (Universidade Santo Amaro). O UOL investigou por dois meses relatos que envolviam práticas graves na instituição.

Tapas, socos e cuspe no rosto, humilhações públicas e em meios digitais são alguns dos fatos relatados. A lista de constrangimentos é extensa.

Inclui faxinar a casa de veteranos, ajoelhar-se para ouvir xingamentos aos gritos, aceitar apelidos —inclusive de cunho racista—, seguir regras de vestimenta e de circulação, além de enviar ou receber fotos de genitálias masculinas por redes sociais ou aplicativos de mensagens.

"A tradição dos bixos [sic] homens na abertura é correr pelado na quadra com as outras faculdades", disse um dos participantes.

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É cobrado também que se demonstre conhecimento sobre o histórico de uma cultura de abusos que se arrasta há anos, de acordo com alunos e ex-alunos.

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