Conteúdo publicado há 6 meses

Desigualdade, racismo, meritocracia e desinformação: os temas da Unicamp

A primeira fase do vestibular da Unicamp aconteceu neste domingo (29), e os vestibulandos tiveram que responder questões com temáticas sociais como população em situação de rua, racismo e impactos da desinformação e algoritmos.

O que caiu na prova

Uma das questões sobre desinformação citava o caso da moradora do Guarujá Fabiane Maria de Jesus, morta após a divulgação de um boato pelas redes sociais em 2014. A questão relaciona a notícia a um trecho do livro "Olhos D'Água", de Conceição Evaristo.

A imagem gerada por IA em que o Papa Francisco aparece usando um casaco de marca foi utilizada em outra questão que trata de desinformação. O ChatGPT, ferramenta geradora de textos, apareceu na prova de Inglês.

A participação dos povos indígenas no processo de Independência do Brasil também foi tema de uma das questões da prova.

O tema do racismo foi tratado a partir da figura de Martin Luther King.

A Feira Literária da Portela e a música-tema da novela Pantanal foram citadas em enunciados.

Na avaliação da professora e coordenadora de geografia, Vera Lúcia Antunes, do Colégio e Curso Objetivo, a prova exigiu que os estudantes estivessem antenados com a atualidade.

"A maior parte era realmente fazer uma boa leitura, uma boa interpretação de um gráfico, de uma tirinha, de uma imagem. Uma prova realmente com assuntos relevantes", afirma.

Para Sérgio Paganim, diretor do curso Anglo, a prova da Unicamp se baseia em três pilares: leitura, estabelecimento de relações e contextualização do conhecimento. Como exemplo, ele cita que a prova de História utilizava fatos do presente para relacionar com fatos históricos.

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"Mulheres, ditadura e desinformação. A partir desses temas, a banca estabelece uma relação com o passado. Relação entre os tempos, os textos, entre visões de mundo, é uma marca bastante significativa da Unicamp", avalia.

Conflitos de fora. Segundo Paganim, a prova de Geografia não abordou as guerras da Rússia e da Ucrânia, nem Israel-Hamas.

O diretor do Curso Pré-Vestibular da Oficina do Estudante, Wander Azanha, avalia que as disciplinas de Biologia, Física e Química privilegiaram a leitura de gráficos, com textos diretos e curtos.

Chat GPT. Para o professor de inglês do Colégio e Curso Oficina do Estudante, Márcio Pantoja, a questão envolvendo a ferramenta de textos foi interessante porque questionava a falta de "consciência" do ChatGPT.

Essa questão sobre Chat GPT, eles colocaram uma experiência que foi feita, de acordo com o texto, para que o ChatGPT escrevesse um texto sozinho, pedindo para que uma determinada situação acontecesse. Essa questão foi muito legal porque o Chat, como ele não tem a consciência disso, ele escreveu de uma forma informal, fazendo uma ameaça.

A prova é composta de 72 questões de múltipla escolha. Sendo 12 de Língua e Literaturas de Língua Portuguesa e outras 12 de Matemática. Biologia, Física, Geografia, História, Inglês e Química têm sete perguntas cada uma.

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Pela primeira vez, o exame teve três perguntas de Filosofia e três de Sociologia. Cada questão tem quatro alternativas e vale um ponto.

Leituras obrigatórias. O vestibular de 2024 teve como obras de leitura obrigatória "A tarde", de Olavo Bilac, "Olhos D'Água", de Conceição Evaristo, "Carta de Achamento a el-rei D. Manuel", de Pero Vaz de Caminha, "Casa Velha", de Machado de Assis, "O Ateneu", de Raul Pompeia, "Niketche - uma História de Poligamia", de Paulina Chiziane, o conto "Seminário dos ratos", de Lygia Fagundes Telles, "Alice no país das maravilhas", de Lewis Carrol, e 10 canções selecionadas de Cartola ("Alvorada", "As rosas não falam", "Cordas de aço", "Disfarça e chora", "O inverno do meu tempo", "O mundo é um moinho", "Que é feito de você?", "Sala de recepção", "Silêncio de um cipreste" e "Sim").

São 2.537 vagas em 69 cursos de graduação.

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