Fuvest 2024: prova exigente e interdisciplinar; professores comentam

A primeira fase do vestibular Fuvest 2024, realizada neste domingo (19), abordou temas atuais, como feminismo, inteligência artificial, impactos sociais da crise climática, como o deslizamento de terras no Litoral Norte de São Paulo e o afundamento do solo no Maranhão, e o protagonismo da China no cenário geopolítico mundial, e também exigiu criatividade e capacidade de análise dos candidatos, segundo professores ouvidos pelo UOL.

Também foram abordados temas como a questão preconceito linguístico, biotecnologia, questões econômicas atuais, como a evolução do PIB das dez maiores economias do mundo, e uma homenagem ao historiador Boris Fausto, morto neste ano.

A coordenadora pedagógica do Objetivo, Vera Lúcia Costa Antunes, elogiou a primeira fase e disse que a Fuvest fez "uma prova belíssima".

Uma prova não mais com blocos de matéria. Todas as questões são misturadas, não importa do que seja (...) Não importa se a pergunta é de História ou Geografia, se é de Física ou de Química, importa que o aluno saiba aquele conteúdo, que tenha condições de responder. É uma tônica importante no vestibular da Fuvest atualmente. Uma prova de abordagem ampla, uma prova inteligente, uma prova moderna, contemporânea Vera Lúcia Costa Antunes, coordenadora pedagógica do Objetivo

O professor de geografia Altieris Lima, da escola SEB Lafaiete, elogiou a atualidade da prova, que abordou temas como os deslizamentos de terra no Litoral Norte de São Paulo, além de temas como o protagonismo da China.

A Fuvest consegue contemplar o edital, sempre trazendo questões atuais. A gente sabe que é uma prova conteudista, mas a Fuvest consegue fazer isso com excelência Altieris Lima, professor de Geografia

O diretor do curso Anglo, Sérgio Paganim, também destacou a intersecção entre disciplinas na prova deste domingo. Segundo ele, "a interdisciplinariedade ganhou mais peso nessa prova, então ela ficou aprimorada". "Outro aspecto: a prova parece um manifesto voltado para as questões sociais, especialmente a questão racial. A prova é aberta com o texto da Conceição Evaristo, e as outras questões falam de efeitos do racismo de alguma forma."

Matemática

O professor de Matemática Jeferson Petronilho, da Escola SEB Lafaiete, disse que a parte da matéria foi "um pouco mais exigente que a do ano passado".

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Foram questões que exigiam mais conhecimento, interpretação e criatividade dos alunos. A prova estava bem distribuída entre álgebra, trigonometria, combinatória e geometria. Uma prova bem feita, porém neste ano um pouco mais exigente Jeferson Petronilho, professor de Matemática

História

Segundo o professor de História Fernando Henrique Gelfuso, da escola SEB Lafaiete, "quase metade" das questões da matéria foi sobre História do Brasil, com duas perguntas sobre período colonial, uma sobre escravidão e uma sobre o comércio no nordeste da África Antiga interligando o Mediterrâneo.

A parte de História Geral, disse o professor, foi mais focada no século XX, com questões sobre a crise de 29, a Revolução Cubana e a Revolução Iraniana, além de algumas perguntas sobre geopolítica. "Senti ausência de questões sobre antiguidade clássica e Idade Média", disse.

Geografia

Altieris Lima, professor de Geografia da Escola SEB Lafaiete, considerou que a parte de Geografia estava "dentro do nível esperado". "A prova da Fuvest nunca é fácil", disse.

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É uma prova que exige o domínio de conceitos, análises gráficas e uma leitura atenta. É uma prova muito menos interpretativa do que o Enem Altieris Lima, professor de Geografia

Já o professor de Geografia do Oficina do Estudante Luís Felipe Valle considerou que as perguntas sobre a matéria foram "bastante coerentes e alinhadas com os conteúdos tradicionalmente abordados em sala de aula, que exigem do estudante o conhecimento sobre a teoria e uma leitura bastante clara e consistente sobre diferentes assuntos".

Ele observou que a prova trouxe questões atuais, como emissão de gás carbônico, industrialização e aquecimento global, além de questões interdisciplinares, "falando um pouco sobre industrialização, na época de JK, crise de 29 e ciclo do café no Brasil".

Sociologia

O professor de Sociologia da escola SEB Lafaiete Breno Carlos da Silva chamou atenção para a menção ao texto "Feminismo para 99%", que trata dos conceitos de reprodução social e da economia do cuidado.

Ele lembra que o tema foi tratado "de certa maneira" na redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e voltou na prova da Fuvest, "tratando de uma problemática relacionada à condição social especificamente ou predominantemente das mulheres".

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Biologia

A professora de Biologia Aline Biondo, do Curso e Colégio Oficina do Estudante, considerou as questões sobre a matéria "de dificuldade média a difícil.

Segundo ela, foi uma prova "com temas diversificados, bem conteudistas" "No geral, foi uma prova bem elaborada, sem muitas pegadinhas e que exigiu bastante conteúdo do candidato."

Física

O gerente de ensino e inovações do curso SAS Plataforma de Educação Idelfranio Moreira, que leciona Física, não achou as questões da matéria difíceis.

Segundo ele, "o aluno bem preparado" não deve ter encontrado dificuldade em nenhuma questão.

Chamou atenção do professor a falta de questões interdisciplinares na parte de Física. "Nenhuma questão que relacionasse Física diretamente com outras disciplinas, sequer houve questões que misturassem parte da própria física", disse.

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