UFS é condenada por transfobia após utilizar 'nome morto' de aluna

A UFS (Universidade Federal de Sergipe) foi condenada a indenizar uma aluna que acusa a Instituição de transfobia.

O que aconteceu

Brunna Nunes Barros conta ter passado por constrangimento após a UFS usar seu antigo nome. A aluna de Design Gráfico, de 25 anos e que se identifica como travesti, já havia retificado seu nome civil para o feminino três anos antes de ingressar na Universidade, em 2022.

A UFS passou a se referir em sucessivos e-mails a ela pelo ''nome morto'' - aquele que costumava se chamar antes da mudança. Segundo a aluna, ela apresentou dados cadastrais para a matrícula já com o nome de ''Brunna'' e a lista pública de aprovação do vestibular também estava correta.

A Instituição exigiu que Brunna apresentasse documentos antigos. Ela conta ter recebido uma ligação de uma funcionária com o pedido para que ela não perdesse a vaga. ''Fiquei revoltada, falei que na lista de aprovação estava Brunna, então por que eu teria que enviar documentos antigos já que fui aprovada como Brunna?'', disse ao UOL.

Defesa acusa a administração de ter alterado manualmente o nome da estudante para o masculino no sistema. ''Foi um comportamento de transfobia porque teve esse ato ativo de mudança no sistema'', explicou o advogado Carlos Henrique Andrade. Os dados do comprovante de matrícula foram mudados, constatou Brunna após comparar com a primeira impressão do documento.

UFS deverá pagar uma indenização de R$ 7 mil por danos morais à aluna. Brunna relata que ficou ''muito depressiva, sem vontade de sair de casa''. A decisão foi expedida na última sexta-feira (19) e a Universidade ainda poderá recorrer.

Universidade alegou durante o processo que não houve transfobia. A Instituição disse que ocorreu a ''simples falta de atualização do sistema interno''. O UOL tenta contato com a UFS, e o espaço segue aberto para manifestação.

Sentia uma mistura de raiva e tristeza, porque eu esperava sofrer transfobia no caminho da universidade, ou na própria sala de aula, mas já estava ocorrendo um horror antes mesmo de começar a estudar
Brunna Nunes Barros, estudante de Design Gráfico

O que diz a UFS

A UFS contou já ter promoveu varredura completa para que o ''nome morto'' fosse retirado por definitivo de todos os sistemas digitais. A Universidade disse, por meio de nota, que ainda não foi oficialmente notificada sobre a decisão judicial.

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A gestão também informou que adotou novos padrões de atualização de dados pessoais. ''Para que toda documentação seja imediatamente atualizada nos sistemas, corroborando postura inclusiva promovida pela prática do ensino, da pesquisa e da extensão universitária.''

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