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Candomblé: qual a origem da religião que fez Anitta perder seguidores?

Do UOL, em São Paulo

14/05/2024 04h00

A cantora Anitta, 31, divulgou nesta segunda-feira (13) que perdeu mais de 200 mil seguidores no Instagram após compartilhar nas redes sociais um álbum de fotos com registros da sua religião, o candomblé. A publicação faz parte de um anúncio do clipe de Aceita, canção do novo disco Funk Generation.

"Perdi 100 mil seguidores depois de anunciar o clipe que vou mostrar minha religião. Laroyê Exu tirando dos meus caminhos tudo que já não me serve mais. Nessa minha nova fase escolhi qualidade e não quantidade. Axé". Em seguida, em um vídeo divulgado no Instagram, ela afirmou que já passavam de 200 mil seguidores perdidos desde a publicação das imagens.

Qual a origem do candomblé no Brasil?

Quem trouxe o candomblé para o Brasil foram os negros que vieram como escravizados da África. Entre eles se destacavam dois grupos: os bantos (que vinham de regiões como o Congo, Angola e Moçambique) e os sudaneses, que vinham da Nigéria e do Benin (e que são os iorubas, ou nagôs, e os jejes).

Enquanto a religião oficial no Brasil era o catolicismo, trazido pelos brancos, de origem portuguesa, o candomblé - culto africano que se tornou afro-brasileiro - era encarado como bruxaria.

A prática passou a ser reprimida pelas autoridades policiais e os negros passaram a cultuar suas divindades e seguir seus costumes religiosos secretamente.

Para disfarçar, identificavam seus deuses com os santos da religião católica. Por exemplo, quando rezavam em sua língua para Santa Bárbara, estavam cultuando Iansã. Quando se dirigiam a Nossa Senhora da Conceição, estavam falando com Iemanjá. Esse processo foi chamado de sincretismo religioso.

O que é o candomblé?

O candomblé tem rituais realizados ao ritmo de atabaques e cantos em idioma ioruba ou nagô, que variam conforme o orixá que está sendo cultuado.

As cerimônias do candomblé são realizadas nos "terreiros", que hoje são casas ou templos, mas expressam no nome suas origens: era em clareiras na mata que os escravizados podiam expressar sua religiosidade. Os ritos são dirigidos por um pai de santo, que leva o nome africano de babalorixá, ou uma mãe de santo, chamada ialorixá.

Também são feitas oferendas e consultas espirituais através do jogo de búzios, com conchas do mar usadas como um oráculo para orientar e fazer previsões.

Com o tempo, a religião africana praticada no Brasil foi adquirindo características próprias. O candomblé de caboclo, por exemplo, é um ritual que incorpora elementos da cultura caipira e indígena.

Outro episódio de intolerância

Em setembro de 2022, a atriz e cantora Cleo Pires renovou os votos de seu casamento com Leandro D'Luca em uma cerimônia no candomblé, sua religião. Na época, ela divulgou em suas redes sociais sobre a intolerância religiosa que vinha enfrentando.

"Eu recebo muitos comentários absurdos sobre religião aqui no meu Instagram. As pessoas têm todo o direito de seguir a religião que mais se aplica a vida da pessoa, com os valores da pessoa, com que a pessoa acredita, mas não existe só uma religião no mundo". Cleo Pires

Em seguida, a cantora concluiu: "Para a gente evoluir como sociedade, a gente precisa urgentemente respeitar todas as formas de pensar. Claro que, quando a intolerância religiosa é bem mais pesada quando a gente fala das religiões de matrizes africanas, e a gente sabe muito bem porquê".

Com reportagem de 20/09/2022.

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