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Dobram casos de mensalidades escolares atrasadas no país

Em São Paulo

28/09/2015 12h12

Dobrou neste ano o porcentual de famílias que não conseguiram manter em dia o pagamento das mensalidades de colégios e faculdades. De acordo com dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 19% das pessoas que ficaram inadimplentes neste ano citaram o atraso nas mensalidades escolares como o responsável pelo nome sujo. No ano passado, a taxa era de 8%.

A inadimplência com essas parcelas supera, inclusive, o porcentual de famílias que disseram estar com o nome sujo por atrasos com contas de água e luz - 9% dos inadimplentes. Na lista do SPC, pendências com o financiamento da casa própria correspondem a 8% e parcelas de condomínio a 7% do total de atrasados.

Houve aumento de inadimplência em todas as áreas. O que preocupa é que todo mundo está com dificuldade de pagar as contas, até aquelas prioritárias, como educação", avalia Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil. "As famílias costumam ver a escola como investimento, a chance de escalar nos próximos anos."

Dos inadimplentes com educação, 15% são em mensalidades de estabelecimentos de educação infantil, ensino fundamental e médio atrasadas. Geralmente, dívidas com mensalidades são acertadas até o fim do ano para que o aluno não seja impedido de fazer a matrícula.

"Normalmente, as famílias usam o 13º salário para pagar as contas atrasadas, o que é considerado essencial. Como neste ano a inflação está alta e muitas pessoas perderam o emprego, não sabemos se a educação vai continuar sendo a prioridade dessas famílias", diz Marcela.

O pior cenário, mostra a pesquisa do SPC Brasil, é no ensino superior. Entre os inadimplentes da educação, 43,5% atrasaram o pagamento de faculdades. O restante (41,5%) é referente a débitos em cursos técnicos ou livres.

Reajuste

O desaquecimento econômico e a inflação alta devem se traduzir em mensalidades mais caras no ano que vem. Os colégios, porém, ainda estão fazendo seus cálculos do reajuste. A reportagem consultou 11 escolas privadas da capital, mas nenhuma informou qual preço será cobrado em 2016.

A Federação Nacional de Escolas Particulares (Fenep) estima que o reajuste médio das escolas do País supere 11%. José Antonio Antiório, diretor financeiro do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieeesp), prevê acréscimo entre 10% e 13%.

"O aumento das contas de água e energia pesaram muito", reclama Antiório. Outra pressão sobre as mensalidades é o reajuste salarial dos professores. Com as famílias em atraso, a recomendação é evitar conflitos. "É melhor negociar descontos ou pagamentos em atraso sem correções", afirma.

Assessora técnica da Fundação Procon São Paulo, Fátima Lemos diz que, apesar da crise, os colégios devem ter sensibilidade ao fixar o reajuste. "A escola precisa viabilizar seu negócio, mas também deve manter seu grupo de estudantes", pondera.