Estudantes ocupam prédios da PUC-SP pela contratação de professora negra
Estudantes ocupam desde terça-feira, 22, parte do campus Monte Alegre da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), em Perdizes, na zona oeste da cidade de São Paulo. Nesta quarta-feira, 23, um segundo prédio da unidade foi tomado pelos alunos, ligados ao curso de Serviço Social, que reivindicam a inclusão da disciplina "Gênero, Raça e Etnia" na grade obrigatória e a contratação definitiva da professora substituta Marcia Campos Eurico, que é negra.
Pela manhã, a universidade anunciou a suspensão de todas as atividades acadêmicas e administrativas do campus. O Centro Acadêmico de Serviço Social da PUC São Paulo afirma que a contratação definitiva de Marcia é uma forma de garantir diversidade racial dentro do curso e reverter o "racismo institucional". Segundo o texto, divulgado nas redes sociais, a docente é a primeira mulher negra a lecionar na graduação em Serviço Social.
"Pontuamos, a importância da discussão acerca das temáticas de gênero e raça/etnia como elementos transversais da formação profissional e não somente como eixos opcionais e complementares da questão de classe, como o corpo docente vem pontuando. A discussão de gênero, raça e etnia é essencial para nossa formação profissional, uma vez que essas questões perpassam a nossa categoria, publico usuário e a sociedade como um todo", divulgou o Centro Acadêmico de Serviço Social da PUC São Paulo (CASS PUC-SP).
Nas redes sociais, estudantes reivindicam a permanência da professora com a hashtag "MarciaFica". Com o mesmo nome, o abaixo assinado virtual "#MARCIAFICA" foi criado há cinco dias e teve 1.656 assinaturas até as 10h desta quarta-feira. O texto está em nome dos "Pesquisadoras(es) Profissionais Docentes em Serviço Social".
'Relevância'
Por meio de nota, a reitoria da PUC-SP afirmou reconhecer a "relevância das demandas dos alunos do curso de Serviço Social, que incorporam questões acerca da temática racial na Universidade". Segundo o texto, a universidade está elaborando uma "política de cotas étnico-raciais" para a contratação de docentes, que deve ser discutida dentro da comunidade acadêmica em 2018.
"A reitoria reafirma sua disposição em manter o diálogo com os estudantes acerca de suas demandas e reitera a necessidade de que a Universidade retome seu funcionamento normal, uma vez que questões estruturais relativas ao tema continuarão sendo tratadas e implementadas em âmbito institucional", acrescentou.
Doutorado
Na próxima sexta-feira, 25, Marcia Campos Eurico defenderá sua tese de doutorado em Serviço Social, cursado na PUC-SP. O estudo é intitulado "Preta, preta, pretinha: o racismo institucional no cotidiano de crianças e adolescentes negras(os) acolhidos(as)".
Além do cargo temporário na PUC-SP, Marcia é professora na Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS) e tem como principais áreas de estudo "raça/etnia", "adoção inter-racial", "gênero", "saúde da população negra" e "racismo institucional".
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