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Informação evita afogamentos

Lucila Cano

14/03/2014 06h00

As crianças pequenas desconhecem o perigo. Ignoram o que está certo ou errado e vão em frente, em busca do que lhes dá prazer. As mais crescidas já se consideram gente grande. Acham que sabem tudo. Para elas, o perigo só está na fala dos pais. Pois são esses extremos da infância que mais somam casos de mortes por afogamento, segundo a ONG Criança Segura.

As informações mais recentes são de 2011, do banco de dados do Sistema Único de Saúde (Datasus), que registrou 1.115 mortes por afogamento de crianças de 0 a 14 anos, além de 293 hospitalizações. A maior incidência de mortes foi entre crianças de 1 a 4 anos, com 422 casos (37% do total), seguida de 407 casos entre crianças de 10 a 14 anos (36% do total).

Diante desses números, que se repetem anualmente, sempre acima da faixa de mil vítimas fatais, a Criança Segura quer ensinar medidas preventivas a pais e responsáveis. Para tanto, começa a divulgar uma campanha de esclarecimentos em redes sociais, além de enviar informações para a imprensa.

O afogamento é rápido e silencioso

Às portas do outono, ainda somos surpreendidos pelas altas temperaturas dos primeiros meses do ano. Neste verão, também nos assustamos com as notícias de mortes de crianças em piscinas, principalmente pela falta de tampas adequadas para os ralos, e em represas e lagoas.

É preciso lembrar, no entanto, que qualquer lugar com água – praia, cachoeira, rio, lago, represa, piscina, enchente, alagamento – pode levar a um afogamento. Isso vale até para aqueles locais considerados improváveis: caixas d’água, tanques, banheiras, baldes e vasos sanitários.

Dentro de casa, por exemplo, e já vimos essa cena em filme, bastam três dedos de água em um balde para que uma criança que está começando a andar se afogue. A explicação é clara e é bom ficarmos atentos a isso sempre que houver gente miúda por perto: a cabeça dos bebês é mais pesada que o resto do corpo. Quando ele enfia a cabeça em um balde, mesmo que com pouca água, o corpo vira e ele não consegue se levantar.

O tempo segue contra, porque o afogamento é rápido e silencioso, como informa a Criança Segura. Em uma banheira, uma criança fica submersa em apenas 10 segundos. Em dois minutos, ela perde a consciência. Passados quatro a seis minutos, ela pode ficar com danos permanentes no cérebro.

Historicamente, meninos foram criados para ousar e meninas, para calar. É fato que as novas gerações lutam pela igualdade de gênero em todos os sentidos, mas, até em afogamentos a diferença é grande. Talvez, porque as meninas sejam mais medrosas ou fiquem mais tempo em casa. Os números apurados pela Criança Segura mostram que meninos representaram 66% das mortes (755 casos), enquanto as meninas corresponderam a 34% do total (360 casos).

Adultos sempre por perto

A vigilância de um adulto é essencial. Uma criança nunca deve ser deixada sozinha, seja na piscina, seja no banho de banheira, ou em qualquer outra circunstância de proximidade com a água. Importante também é que os adultos aprendam algumas regras básicas de primeiros socorros.

Outra medida preventiva, e útil para a vida inteira, é ensinar uma criança a nadar. A Criança Segura recomenda o aprendizado a partir dos quatro anos de idade.

Afogamentos também podem ser evitados com o uso de colete salva-vidas e providências domésticas: esvaziar e armazenar bacias e banheiras de bebês em locais altos; fechar vasos sanitários e portas de banheiros; tampar poços e caixas d’água; tampar ou esvaziar tanques; esvaziar piscinas infantis e tampar com lona bem presa as piscinas portáteis após o uso.

As piscinas devem ser protegidas com cercas de pelo menos 1,5 m. Alertas sonoros de movimento podem ser usados e os ralos precisam ser cobertos com tampas especiais.

Para mais informações, acesse os sites: www.criancasegura.org.br e www.sobrasa.org/piscinamaissegura. Este último é da Sobrasa, instituição do Rio de Janeiro que lançou a campanha Piscina+Segura e que tem o apoio da Criança Segura.

 * Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.