Hora de descobrir talentos
Comemoramos em 22 de abril o Dia da Terra. A data coincide com a do Descobrimento do Brasil e, imagino eu, não por acaso, já que Caminha escreveu que “em se plantando, aqui tudo dá”.
Descarto reprisar as preocupações com o aquecimento global. Esse tem sido o tema de meus textos mais recentes e uma das principais notícias no cotidiano da imprensa no Brasil e no exterior.
O motivo do alerta é a divulgação persistente da ONU sobre os relatórios concluídos por cientistas de todo o mundo que integraram o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas realizado no Japão.
A insistência procede. O convívio com a Natureza está em desarmonia, assim como o convívio com a própria espécie.
Mais um sentido para o voluntário
No primeiro semestre do ano, abril e maio, por causa do Dia da Terra e Dia do Meio Ambiente respectivamente, são os meses de preferência das empresas para chamar os seus colaboradores para o voluntariado.
Atualmente, as empresas respondem por grandes contingentes de voluntários. Quem busca uma vaga de emprego é comumente perguntado sobre suas práticas de voluntariado. Quase que uma exigência para os jovens candidatos a trainees, ser voluntário já é um diferencial de currículo, qualquer que seja o posto pleiteado na maioria das organizações.
E o que fazem os voluntários corporativos? Não se limitam a plantar árvores e hortas orgânicas, separar recicláveis, recolher o lixo de áreas do entorno da empresa, nem a colocar os pés na areia para limpar as praias.
Embora essas atividades sejam ainda as mais evidentes no universo das empresas, o Dia da Terra e o Dia do Meio Ambiente motivam ações que ampliam o conceito de cidadania, o cuidado com a saúde, a higiene e a segurança no ambiente de trabalho e em casa.
Outra iniciativa das empresas que tem sido vista com bons olhos pelos trabalhadores refere-se à lida com a vida prática: providenciar documentos; controlar gastos; preparar e consumir alimentos mais nutritivos; seguir à risca a caderneta de vacinação dos filhos; fazer exercícios físicos com regularidade.
O que para muitos parece o básico do básico, para outros é um presente. Através do conhecimento, essas pessoas crescem e se tornam cidadãos melhores. Ingressam naquele patamar da melhora da autoestima, no qual se enxergam como indivíduos que estão aprendendo a dar mais sentido à vida.
Nas empresas, quem sabe mais sobre alguma coisa que valorize outras pessoas e o trabalho que elas desempenham é candidato natural a um posto de multiplicador. Nem todos têm o traquejo para ensinar, para ficar à frente de uma sala de aula. Mas o ensino não precisa ser convencional e pode tocar os colegas menos favorecidos pelo exemplo, pela narração de histórias, pelo fazer junto, pela disposição para participar de um grupo de perguntas e respostas.
De dentro para dentro
Dar mais sentido à vida é uma boa leitura para o significado do voluntariado. Os motivos que levam uma pessoa a se identificar com o trabalho voluntário são os mais diversos e sempre há o que fazer, em qualquer lugar.
No âmbito das empresas, sejam quais forem os motivos corporativos, o voluntariado promove a interação entre os colegas e contribui para o autoconhecimento. A sensibilização por um assunto, o espírito de liderança, a organização de tarefas, a prestação de contas do que foi feito, a contabilização de resultados, e assim por diante, dão mostras claras de que o voluntariado não beneficia só o próximo, mas quem o pratica.
Com toda essa força em favor de comunidades e de projetos sociais externos, as empresas deveriam incentivar ainda mais o voluntariado de dentro para dentro. Toda empresa tem talentos ocultos. Podem ser cantores, pintores, poetas, nadadores, violonistas, fotógrafos, cozinheiros, jardineiros. São talentos que deveriam ser valorizados e incentivados a praticar o voluntariado com os seus pares, no próprio local de trabalho. Todos sairiam ganhando.
* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.
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