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O "Livro Vermelho das Crianças"

Lucila Cano

19/06/2015 06h00

Depois de ler atentamente o “Livro Vermelho das Crianças”, o mínimo que posso dizer é que se trata de um primor de publicação, lançada pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho).

A obra só pode ser acessada pela internet, no Canal Ciência do Ibict (www.canalciencia.ibict.br) e está à disposição, gratuitamente, para instituições que, após solicitarem autorização de reprodução ao Instituto, assumam os custos de impressão e distribuição.

O “Livro Vermelho das Crianças”, de autoria de Otávio Maia e Tino Freitas, tem resenha de André Trigueiro, capa e projeto gráfico de Ricardo Campos, chancela da Unesco e é ilustrado por desenhos de 76 crianças de diversas regiões do Brasil. A maioria delas participou do “Concurso de Desenhos Infantojuvenis Animais em Perigo”, realizado pelo Ibict em 2014.

Nas mãos de pais e educadores interessados, o “Livro Vermelho das Crianças” contribuirá para múltiplos ensinamentos, além do objetivo primeiro de chamar atenção para espécies animais ameaçadas de extinção.

Prazer em aprender

Os autores do livro selecionaram 50 bichos de uma extensa lista (a mais recente) de 1.173 espécies ameaçadas que o Ministério do Meio Ambiente divulgou no final de 2014.

Já na apresentação, Cecília Leite Oliveira, diretora do Ibict, revela a importância da popularização da ciência na conservação da natureza, que o livro coloca de maneira lúdica e didática, em textos curiosos.

As páginas iniciais são dedicadas a explicações gerais. Entre elas, como se faz uma lista, o que é uma espécie ameaçada, quais as categorias de risco de extinção: tudo claro, tudo fácil de entender. Há, inclusive, um jogo de caça-palavras que convida o leitor a descobrir como salvar os animais da extinção.

Mais adiante, os 50 animais são apresentados como que em capítulos, de acordo com os biomas que habitam: bichos da Amazônia, bichos da Caatinga, bichos do Pantanal e assim por diante. As aberturas entre um bloco e outro exibem textos de autores como Guimarães Rosa, Monteiro Lobato, Patativa do Assaré.

O prazer de aprender, acredito, surgirá a cada descoberta, a cada virar de página. Os autores tomaram o cuidado de “humanizar” os bichos. Criaram diálogos divertidos, deram nomes aos protagonistas e os colocaram em situações do dia a dia, na atualidade, mas sem perder a linha de informações fundamentais sobre todas as espécies.

O prazer de aprender se estenderá a viagens por outras disciplinas, além da ciência, às quais os textos convidam todo momento. O diálogo entre os patos-mergulhões, por exemplo, como se fossem dois nativos de Minas Gerais, é por si só uma aula à parte a respeito dos diferentes sotaques e expressões do povo brasileiro.

Prazer em ensinar

Otávio Maia, autor e coordenador editorial, é mestre em medicina veterinária preventiva, pesquisador e professor. É analista em ciência e tecnologia do Ibict e publicou em 2013 o "Vocabulário Ambiental Infantojuvenil". Na divulgação sobre o “Livro Vermelho das Crianças”, ele disse: “Estou muito contente com o resultado. O livro é ousado, colorido. Nele, há ciência com alegria sem perder a precisão”.

Tino Freitas, coautor, escritor e jornalista, é detentor de muitos prêmios e pode-se considerar um especialista em literatura infantojuvenil. Sobre a concepção do livro, ele observou: “Assim, aproximamos os jovens leitores das espécies citadas, semeando conhecimento e aguçando a curiosidade, reforçando o instinto de preservação da fauna brasileira, sem apelar para o óbvio, que seria dizer que por culpa nossa chegamos a essa situação extrema. Quem sabe, mudando o discurso, mudamos as atitudes”.

Eu, feliz com o que vi, li e aprendi, digo que o livro é para crianças, mas duvido que depois de lê-lo alguém discorde que ele tem tudo para também fazer a cabeça dos adultos.

* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.