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Percepções do consumo consciente

Lucila Cano

17/07/2015 06h00

Em se tratando de consumo consciente, a percepção já é meio caminho andado para que o consumidor promova uma mudança de hábito.

Os resultados de duas pesquisas divulgadas recentemente nos dão mostras de que a percepção é boa. Agora, resta-nos transformar percepção em ação.

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) divulgou que 17% das pessoas não sabem “muito bem o que fazer” para praticar o consumo consciente, com base em pesquisa conduzida nas capitais do país pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e pelo portal “Meu Bolso Feliz”, de educação financeira.

Por sua vez, a Shopper Experience, empresa especializada na avaliação do atendimento ao consumidor por meio da metodologia do “cliente secreto”, realizou a segunda edição (a primeira foi em 2014) da pesquisa “O Consumo Consciente no Brasil”, que analisou a percepção do consumidor sobre esse assunto.

Percentuais animadores

O levantamento do SPC/Meu Bolso Feliz apontou que 50,7% dos entrevistados disseram “analisar produtos e marcas e desistir da compra se a empresa produtora adotar práticas prejudiciais ao meio ambiente ou à sociedade”.

Outros percentuais expressivos nos dão conta de que: “52,8% dos entrevistados são contra o desperdício de alimentos; 77,7% evitam o uso indiscriminado de impressora; 76,4% dizem não utilizar o carro para pequenos deslocamentos”.

Os resultados animadores se estendem ao descarte em geral: “83,5% relataram que verificam a possibilidade de troca ou doação de algum item antes de descartá-lo e 53,2% separam os resíduos recicláveis do lixo doméstico”.

Por isso, ao atentar para os 17% daqueles que não sabem muito bem como praticar o consumo consciente, o MMA reforçou o bom impacto desses percentuais com dicas simples de serem adotadas. A primeira é “pensar antes de comprar e se realmente o consumidor precisa fazer a compra, lembrar-se de escolher produtos originais e solicitar nota fiscal”.

O MMA também recomenda: 1) Dar preferência a produtos locais e aos que possuam “selo verde” (aqueles que são auditados e aprovados como ecologicamente corretos), não se esquecendo de que produtos duráveis são melhores do que descartáveis; 2) Servir-se só do que for comer, para evitar o desperdício (ao que acrescento incluir talos e folhas no preparo de determinados pratos); 3) Imprimir frente e verso das folhas de papel e reaproveitar aquele que foi usado só de um lado; 4) Trocar o uso individual do carro por caminhadas, bicicleta, transporte coletivo e carona solidária.

As dicas são complementadas pelo famoso trio dos três “R”: Reduzir, Reutilizar e Reciclar.

Questão de responsabilidade

A pesquisa da Shopper Experience a partir de 1.285 entrevistas de “clientes secretos” que responderam um questionário de questões múltiplas e únicas aponta que 97% deles creditam ao consumidor a responsabilidade por práticas associadas ao consumo consciente. Em 2014, esse índice era de 64%, segundo o que foi divulgado.

O estudo foi realizado com homens e mulheres de idades entre 21 e 65 anos das classes A, B e C, sendo 58% casados e/ou morando com outras pessoas; 33% solteiros e 9% que nada declararam. As cidades-base da pesquisa foram São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre.

Na percepção dos entrevistados, algumas práticas associadas ao consumo consciente alcançaram os seguintes percentuais: 99% e 98% para a economia de energia elétrica e o não desperdício de água; 95% para a reciclagem e separação de lixo; 94% para as compras de produtos de empresas que respeitam o meio ambiente; 90% para as compras de produtos orgânicos ou de material reciclado; 87% para evitar o descarte de comida; 86% para a opção por caronas quando do uso de automóveis; 83% para o uso de bicicleta em vez do carro; 81% para o uso de transporte público em vez do carro; 70% para não consumir produtos testados em animais.

* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.