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Consulte um oftalmologista

Lucila Cano

09/10/2015 06h00

Em setembro de 2012, uma pesquisa do Ibope para a Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) concluiu que 36% dos brasileiros adultos nunca foram ao oftalmologista e que outros 18% fizeram apenas uma consulta com o especialista em toda a vida.

De lá para cá, esses indicadores não devem ter mudado muito, pois, no geral, brasileiros reagem com indiferença à recomendação de que “prevenir é o melhor remédio”.

Uma razão para esse comportamento é a ausência de sintomas. Muitas doenças, como o glaucoma, são silenciosas, imperceptíveis em seus estágios iniciais. Outro motivo é a falta de recursos para a prevenção.

Nem todos os procedimentos são possíveis pelo SUS e, para aqueles que pagam por convênios de saúde, muitos planos não cobrem certas especialidades.

Para motivar a população a se cuidar mais e prevenir doenças evitáveis, instituições assistenciais, conselhos e associações de classe promovem campanhas educativas e alertam para a necessidade da consulta a um oftalmologista.

O Dia Mundial da Visão, celebrado pela OMS na segunda semana de outubro, foi criado para mobilizar especialistas em todo o mundo e também para chamar a atenção das pessoas para ações preventivas muito simples, mas de grande valia para todos.

A informação afasta o perigo

A visão pode ser afetada por doenças congênitas, que se manifestam na infância; doenças degenerativas, que surgem na vida adulta, com o envelhecimento; e cegueira ou deficiência decorrente de acidentes.

Segundo a OMS, se houvesse um número maior de ações de prevenção e tratamento, 80% dos casos de cegueira poderiam ser evitados. No Brasil, tais medidas beneficiariam mais de 6,5 milhões de pessoas, as quais declararam ter algum tipo de deficiência visual no último Censo de 2010.

As futuras mães são responsáveis pela prevenção da cegueira na infância. As mulheres adultas devem se vacinar contra a rubéola, o sarampo e a toxoplasmose que transmitem doenças congênitas para os fetos.

No caso dos adultos, um estudo da OMS de 2011 revelou que 65% da população com deficiência visual e 82% da população cega têm mais de 50 anos de idade. A catarata não operada, o glaucoma e a degeneração macular relacionada à idade são as principais causas de cegueira no mundo.

Os mutirões de cirurgias gratuitas de catarata têm ajudado muitos idosos no Brasil, mas todo cuidado é pouco com relação ao glaucoma que, se não diagnosticado precocemente, provoca cegueira irreversível.

No grupo de risco estão os maiores de 40 anos de idade; negros; míopes acima de seis graus; diabéticos; indivíduos com pressão alta; pacientes que tiveram trauma ocular ou doenças intraoculares. Para se prevenir, todos deveriam passar por exames oftalmológicos regulares.

Mantenha distância

A maioria dos acidentes que afetam a visão ocorre dentro de casa, com objetos pontiagudos como facas, garfos e tesouras. Produtos de limpeza e outras soluções químicas são igualmente danosos. Basta esquecer que manipulou um desses produtos e, em seguida, passar as mãos nos olhos.

Uma fagulha do fogão ou um líquido fervente na panela pode saltar aos olhos e causar queimaduras. Plantas pontiagudas, espinhosas ou com aquelas hastes que seguram ramos mais longos também podem ferir. Lavar as mãos depois de lidar com os animais domésticos e cuidar para que eles não fiquem tão próximos dos olhos é recomendável.

E fora de casa? Acidentes ocorrem no trabalho e, para certas atividades, o uso de óculos de segurança é obrigatório. No carro, em trânsito, o aliado da prevenção é o cinto de segurança e, para as crianças com até 10 anos, cadeirinha com cinto no banco de trás. Há ainda que se usar óculos de proteção para a prática de esportes que exponham os olhos a produtos químicos e reações ambientais de vento, poeira etc.

Para saber mais, consulte os sites da Fundação Dorina Nowill, da Larama, do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Glaucoma.

* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.