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Rio São Francisco - "Velho Chico" integra Nordeste e Sudeste

Luiz Carlos Parejo

O rio São Francisco é o mais importante da região Nordeste. A bacia do São Francisco ocupa uma área de 645.067 quilômetros quadrados e passa por cinco estados brasileiros: Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Aliás, suas águas formam a divisa natural entre esses dois últimos.

Esse rio imenso nasce como um pequeno olho d'água na serra da Canastra, em Minas Gerais, e cresce até desaguar no oceano Atlântico.

Sua cabeceira está localizada em área mais elevada de maior pluviosidade (quantidade de chuvas) em Minas Gerais. Os solos e rochas dessa área também acumulam muita água e a liberam lentamente no decorrer do ano.

Assim, ele é um rio perene: nunca seca, nem nos períodos de maior estiagem quando há uma diminuição do volume de suas águas.

Recebe água de outros rios nordestinos que são intermitentes, ou seja, secam durante o período de estiagem.

São seus afluentes os rios Verde Grande e Salitre, na margem direita, e Carinhanha e Grande na margem esquerda.

Estrada da colonização

É um rio de grande importância para a população da região que o utiliza para a navegação, irrigação, abastecimento de água e produção de energia elétrica.

Os sertanejos lhe deram o apelido carinhoso de "Velho Chico", pois esse rio faz parte do cotidiano da ocupação do sertão. Desde o século 16 suas águas serviram de estrada para a colonização da área e suas margens eram ocupadas por extensas fazendas de gado.

Em seu trecho inicial, o rio apresenta quedas d'água bastante acentuadas, o que impede a navegação, mas permite a geração de energia elétrica com a usina de Três Marias, em Minas Gerais.

É no chamado médio curso que a navegação pode ser realizada, num trecho de aproximadamente 1300 km de extensão, desde Pirapora, em Minas Gerais, até Juazeiro (na Bahia) e Petrolina, em Pernambuco.

Por suas águas são transportadas mercadorias e pessoas. Também é chamado "rio da integração nacional", pois liga a região Nordeste com a Sudeste.

Frutas para exportação

Atualmente, projetos de irrigação da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), transformam as margens do São Francisco em um imenso pomar.

Trata-se de uma agricultura comercial, voltada para os mercados interno e externo, e que oferece frutas de alta qualidade, como mamão, melancia, manga, melão e uvas.

Essas áreas são ocupadas por grandes empresas agrícolas. Os pequenos produtores acabam se instalando longe das margens, o que dificulta o acesso à irrigação.

Outra importante utilização do São Francisco é a geração de energia elétrica. Logo após Petrolina, o rio torna a apresentar desníveis que possibilitaram a construção de grandes hidrelétricas como Sobradinho, Paulo Afonso, Xingó.

A energia elétrica gerada no São Francisco abastece a região Nordeste e parte de Minas Gerais.

Transposição, o que é isso?

Há planos de fazer a transposição de parte de suas águas. Elas seriam desviadas para transformar rios intermitentes em perenes, e até diminuir a falta de água na Paraíba, no Ceará e no Rio Grande do Norte. Essa idéia surgiu já no segundo império. O imperador Pedro 2º chegou a propor a transposição das águas do rio.

Na década de 1990 voltou-se a pensar em transpor as águas do rio por bombeamento para o rio Jaguaribe (Ceará), os rios Apodi e Piranhas (Rio Grande do Norte) e os rios Peixe e Piranhas-Açu na Paraíba.

Além disso, falou-se na construção de barragens, principalmente em Minas Gerais, para regularizar o fluxo do rio e aumentar a capacidade de irrigação e de produção de energia elétrica. Porém, o projeto não saiu do papel.

O governo Lula reativou o plano de transposição das águas, com algumas mudanças. O atual projeto é criticado porque atenderia apenas 5% da área do semi-árido.

Outras críticas apontam o grande dano a ser causado ao ambiente, o custo elevado (cerca de R$ 6 bilhões) e a possibilidade de que os beneficiados sejam empresas multinacionais e não os produtores sertanejos. Os que defendem o projeto afirmam que serão gerados empregos e a área será dinamizada economicamente.

 

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