Mesopotâmia - Cultura - A Biblioteca de Nínive e Gilgamesh
A Biblioteca de Nínive, um dos mais importantes legados da Mesopotâmia para a história, foi encontrada no século 19 por arqueólogos ingleses. Ela pertencia ao rei assírio Assurbanipal 2º (século 7 a.C.) e era composta por uma coleção de mais ou menos 25 mil plaquetas de argila (material usado para escrita na época), com textos em cuneiforme, muitos deles bilíngues, em sumeriano e acádico.
Considerada a primeira biblioteca da história, a Biblioteca de Nínive guardava compilações de diversos tipos de texto: cartilhas sobre o mundo natural, geografia, matemática, astrologia e medicina; manuais de exorcismo e de augúrios; códigos de leis; relatos de aventuras e textos religiosos.
Sabe-se que os mesopotâmicos tinham muito apreço pela escrita. Escolas para escribas (edubba) eram comuns nas cidades da época. Uma parábola babilônica dizia: "A escrita é a mãe da eloquência e o pai dos artistas".
O escriba tinha grande status na sociedade e, a se julgar pela quantidade de plaquetas de argila encontradas em diversos sítios arqueológicos, pode-se imaginar a importância que esse povo dava para o registro escrito. Tamanho acervo de documentos contribuiu muito para a compreensão da cultura da Mesopotâmia.
Literatura
A mais famosa obra literária da Mesopotâmia é a Epopeia de Gilgamesh. Gilgamesh é uma figura semilendária e teria sido rei da cidade-estado de Uruk, por volta de 2.700 a.C. Mas tudo que se conhece a respeito desse rei deve-se à epopeia construída em torno de seu nome, encontrada em 12 plaquetas de argila que constam do acervo da Biblioteca de Nínive.
A lenda conta a grande amizade entre o rei Gilgamesh, culto e refinado, e Enkidu, um homem rude, nascido e criado no deserto. Juntos, os dois viajam por terras distantes, buscando aventuras e glórias. No entanto, Enkidu adoece e morre. E, a partir desse momento, Gilgamesh passa a buscar a imortalidade.
Essa procura o leva até terras distantes, numa terrível e maravilhosa viagem, para encontrar Utnapishtim, homem abençoado pelos deuses com a imortalidade, após ter sobrevivido ao dilúvio. Utnapishtim, no entanto, faz com que Gilgamesh compreenda que a imortalidade não é característica dos homens:
"Gilgamesh, onde queres chegar nas tuas andanças?
A vida que estás procurando, nunca encontrarás.
Pois, quando criaram os homens, os deuses decidiram
Que a morte seria seu quinhão, e detiveram a vida em suas próprias mãos.
Gilgamesh, enche o teu estômago,
Faze alegres o dia e a noite,
Que os teus dias sejam risonhos.
Dança e toca música noite e dia,
[...]
Olha para o filho que está segurando a tua mão,
E deixa que tua esposa encontre prazer nos teus braços.
Só dessas coisas é que os homens devem cogitar."
Segundo o especialista em assiriologia, Jean Bottéro (em matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo, Caderno 2, 02 de maio de 1996), "o autor da epopeia quis nos ajudar a encarar com coragem, com o exemplo de um fracasso tão grande, a inevitável interrupção de nossa vida".
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