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Tomás Antônio Gonzaga - A obra do poeta árcade

Vilani Maria de Pádua, Especial para Página 3 Pedagogia & Comunicação

Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), português da cidade do Porto, veio morar no Brasil com seu pai, aos sete anos, estudou no Colégio dos Jesuítas de Salvador e depois, estudou Direito em Coimbra.

De volta ao Brasil, já como magistrado, foi morar em Vila Rica, hoje Ouro Preto, onde fora nomeado ouvidor-geral. Na ocasião, reencontrou seu companheiro de Coimbra, Alvarenga Peixoto, que morava na cidade vizinha, São João D'el-Rei. Conheceu Cláudio Manuel da Costa e muitos outros com quem se encontrava nos salões literários promovidos em suas casas.

"Cartas Chilenas"

A capitania de Minas Gerais tinha um governador autoritário, Luís da Cunha Meneses, os desmandos e ilegalidades de sua administração, provocaram a ira da população, que sofria com o excesso de cobrança de taxas. Gonzaga, mesmo num cargo importante, era desrespeitado pelo capitão-geral.

Reagiu e denunciou o governador à rainha, que o substituiu. Ao mesmo tempo escreveu as "Cartas Chilenas", um poema satírico, sob o pseudônimo de Critilo, no qual denunciava e debochava do "Fanfarrão Minésio", referência quase direta a Cunha Meneses, que ainda estava no poder, quando o poema começou a circular clandestinamente.

Por muito tempo não se teve certeza de quem seriam realmente as "Cartas". Hoje, depois de muitos estudos, não há mais dúvida de que foram mesmo escritas por Gonzaga.

A jovem Doroteia

Na mesma época, conheceu a adolescente Doroteia de Seixas, sua eterna musa Marília, por quem se apaixonou. Depois de alguma resistência da família, devido a diferença de idade e de fortuna, o pai da moça permitiu o casamento.

Todavia, não chegou a realizar-se. Com a chegada do novo governador, o visconde de Barbacena, amigo do poeta, foi decretada a "derrama", isto é, a cobrança de todos os impostos atrasados, causando uma imensa revolta na população, a Inconfidência mineira, que queria fazer de Minas uma república independente de Portugal.

Ainda que Gonzaga não tenha participado diretamente da sublevação, era simpático à causa e todos os seus amigos aderiram ao movimento. Os chamados inconfidentes foram presos e julgados, alguns deportados para a África, como o próprio poeta, que depois de algumas transferências em prisões brasileiras, foi enviado para Moçambique. Tiradentes, um dos líderes, foi morto e esquartejado em praça pública.

"Marília de Dirceu"

Enquanto estava preso no Brasil, produziu "Marília de Dirceu", obra do Arcadismo foi publicado em Lisboa, por seus amigos. Inspirado em Doroteia, com quem não pôde mais casar, Gonzaga escreveu suas liras, onde a natureza vira o local perfeito (locus amoenus), sagrado e ideal para os pastores viverem sua paixão ingênua. Este poema bucólico, de inspiração clássica, foi publicado em várias línguas e é a sua principal obra.

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